Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
DA VIDA MANSA
Os cariocas de seu tempo, segundo relata o senhor J. M. P. S. em seu livro, “são inimigos do trabalho que muitos poucos se vê aprenderem ofício e menos aplicados ao comércio (…) São, contudo, ativos e aptos para tudo quanto se aplicam, que é quase geral ser para doutores em medicina e leis, frades, clérigos e soldados. As fêmeas tem muito juízo,” – diz ele – “por que preferem o casar com filho de Portugal, sem ter vintém, ao do seu compatriota com milhões (…)”
PATUÁ BRASILEIRO
O referido senhor J. M. P. S. critica a maneira como os cariocas falavam: “O vício na fala é nos nomes seguintes: Para dizerem milho dizem mio; para melhor dizem mió; para pior pió; para telha dizem teia; para telhado dizem teiado; para melhorar dizem miorá, etc… etc., etc., etc.”
DEVIA PRENDER A SI MESMO!
Existia na cidade do Porto um cidadão mantido pela câmara com obrigação de agarrar os vadios e pô-los a trabalhar.
Porém, D. João III ficou sabendo que o tal cidadão passava os dias nas tabernas, confraternizando com os que deveria prender, comendo assim o mantimento sem trabalhar, e mandou sindicar da vadiagem deste “terror dos vadios”.
PECHINCHA
Dizia um pai de família muito seriamente:
– Cada dia as coisas se põe mais caras; tudo custa um dinheirão!
– Não creia vosmecê, vizinho. Tome vosmecê este jornal e verá que aqui na Corte, por sete reais que ele trazia, deram num homem treze punhaladas.
SALÃO IMPORTADO
Um indivíduo que a tudo criticava, com a arrogância que conferem a tolice e o dinheiro, achava defeitos em certa casa, porque haviam feito um salão octogonal.
Disse o dono da casa que aquele salão fora construído à italiana, e ele replicou:
– Assim que o vi constatei que ele havia sido mandado construir em país estrangeiro.
SOBROU
Pregava certo cura num povoado e equivocando-se, disse que Jesus havia saciado milagrosamente a fome de cinco pessoas com cinco mil pães e cinco mil peixes.
Um lavrador que o escutava ao pé do púlpito, disse em alta voz e com escárnio:
– Isso eu também faço.
No ano seguinte o cura repetiu o sermão; porém teve cuidado, e disse que o milagre havia consistido de saciar a fome de cinco mil pessoas com apenas cinco pães e cinco peixes; e voltando-se para o rústico que estava perto, perguntou-lhe:
– E isso tu farias?
Replicou o rústico com vivacidade:
– Claro, com o que sobrou do ano passado.