Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
ESSA NÃO!
A menina teve conhecimento dos antípodas, na escola. Logo que chegou em casa, começou a deitar sabença pra cima da cozinheira. Falou, falou, e, como visse que Sia Hortência não estava manjando nada, ergueu no ar o dedinho explicativo:
– Imagine só que quando aqui é meio-dia lá na China é meia-noite!
– Credo! Eu é que não morava numa terra assim…
– Mas por que, Sia Hortência?
– Uma terra onde o dia é de noite… Cruzes!
EXAGERO
Encontrou-se um infeliz com um seu compatriota, e lhe disse:
– Compadre isto vai mal; a pátria corre para a ruína; não há trabalho, não se vende nada.
– Como que não se vende nada? Acabo de vender a minha última camisa.
MANHA
Já tinham dado as doze de uma noite escura. João não havia comido nada e dava-lhe vergonha pedir.
Chegou por fim à casa de um amigo e chamou.
O amigo assomou à janela perguntando:
– Quem é?
– Homem, sou eu… Queres fazer-me o favor de… de atirar-me um alfinete?
– Um alfinete? Com a escuridão da noite não vais vê-lo cair na calçada.
– É verdade… Olhe, para que não se perca, crave-o num pedaço de pão, e arremesse.
MUITO EM POUCAS PALAVRAS
Certo marquês tinha duas filhas, uma gorda e uma magra. A marquesa, sua mulher, lhe pediu, com instância que escrevesse a ambas. Cedendo à sua importunação o marquês, tomou a pena e escreveu à primeira: filha minha, emagreça; e à segunda: filha minha, engorde; e não escreveu mais nada. Vendo a marquesa que encerrava tão rapidamente as cartas, lhe disse: Jesus, e que curtas! Porém o marquês lhe respondeu: bastante têm que fazer com o que as encarrego.
DE ONDE TIRAR?
No Brasil Colônia os devedores firmaram a doutrina do calote, nesta breve sentença transmitida de pais a filhos: “Onde não há, El-rei perde”. Queria isto dizer que, quando a Real Fazenda mandava apertar o crânio – o crânio e a bolsa – aos contribuintes em atraso, nem cadeia, nem pelourinho, nem açoite, nem degredo, nada disso fazia entrar para o tesouro Del-rei os impostos sonegados.
CARIOQUISMOS
Um certo senhor J. M. P. S, publicou suas memórias em Portugal, onde descreve a vida na cidade do Rio de Janeiro no século XVIII. Quanto às ruas, diz ele que são muito direitas, exceto a Rua Direita, que é bastante torta. Outras ruas importantes são a Rua da Praia do Peixe (onde não se vende peixe), a do Ouvidor, e a da Quitanda; a da Vila, que não tem casas de moradia, apenas lojas… A Rua Direita chega até a praia, onde há um grande cais de madeira, coberta com um telhado , a que os locais dão o nome de Ponte da Alfândega…
Dentre todas, chama a atenção a rua chamada Soçocusarará, cujo nome deriva de certo homem que ali morou, com tal chaga no traseiro que todos lhe perguntavam: “Sr., o seu c… sarará?”