Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
COM A ESCASSEZ DE LENHA
Estando em Amsterdam o poeta judeu-português Antônio Enriquez Gomez, acercou-se dele um seu conhecido e lhe disse:
– Senhor Enriquez, a Inquisição de Sevilha queimou a vossa efígie, e eu vi.
– Pois se a tivessem dado a mim, eu mesmo a teria queimado! – respondeu com uma grande risada, o bizarro judaizante.
BAIXAR
Era uma época de crise alimentícia.
A vizinha do primeiro andar trabalhava à janela. O padeiro a observava desde o pátio, e perguntou-lhe:
– Vizinha, quando vossa mercê baixará esses olhinhos?
– Quando vossa mercê baixar o pãozinho.
TAMBÉM O CONTRÁRIO
Certo clérigo perdeu muitas boas rendas eclesiásticas por ser incapaz de portar-se condignamente, devido ao seu pouco siso.
Foi um dia com um amigo a uma exposição, onde se encontrava à venda um magnífico quadro do Juízo Final, e vendo o padre que, pelo seu preço muito elevado não podia comprá-lo, exclamou:
– Oh! Que Juízo eu perco por falta de dinheiro!
E replicou o outro:
– Bem poderias dizer: Oh! Que dinheiro eu perco por falta de juízo!
PARA ALGO SERVIAM
Porfiavam um arrieiro e um estalajadeiro sobre uns fardos que faltaram na posada, e disse aquele:
– Por mais que te desagrade, terás que dar-me os dois fardos.
– Eu te darei duas guampas! – replicou o outro.
– Eu já imaginava que para algo tu as usava. – exclamou o arrieiro.
CASAMENTO À BRASILEIRA
Palestravam Humberto de Campos e Castro Menezes, quando se aproximou um amigo comum, que se havia divorciado por incompatibilidade com a família da esposa, cujos irmãos, irmãs, cunhados, primos, tios, gatos, porcos e cachorros se tinham metido, todos, sob o teto do desgraçado. À vista do infeliz, Castro Menezes comentou:
– Coitado! É uma vítima da educação doméstica no Brasil! Aqui a gente se casa é com a família da moça; a mulher vem de quebra!
REAL VALOR DO OURO
Relata Humberto de Campos que um filósofo do século XVII, atribuía o valor do ouro apenas à sua escassez, já que ele não tem excepcionais propriedades como material. Dizia ele:
– O ouro só tem valor porque é menos abundante do que a lama. Se a lama fosse mais rara do que o ouro, este seria calcado aos pés, passando a lama a ser guardada nos cofres!