Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

SEM DEVER MAIS NADA

Um bajulador interesseiro, ofertou a Deodoro da Fonseca o seu retrato, em rica moldura. Dias depois, pediu-lhe emprego de primeira, verdadeira sinecura. Deodoro explicou que não podia nomeá-lo. E o adulador:

– É que V. Exª não se lembra de mim. Eu sou aquele que lhe ofereceu o seu retrato…

Deodoro, daquela vez, não perdeu a calma. Meteu a mão no boldo e entregou 70 mil réis ao puxa-saco. Este relutou, mas o Marechal insistiu e ainda o obrigou a assinar recibo!…

CHOCOLATE

Quando José de Alencar era ainda criança, reuniam-se, secretamente, em casa de seu pai, no Rio, os políticos do Clube Maiorista, que preparavam a revolução parlamentar da Maioridade. As mucamas, a servir chocolate com bolinhos e manuês, entravam e saíam da sala secreta. E o menino José de Alencar, ao ver as bandejas vazias:

– Qual! O que estes homens querem é chocolate!…

JUSTIÇA SUMÁRIA

Um juiz do século XVII não tinha mais do que uma fórmula para os processos criminais.

Se o prisioneiro era velho, dizia:

– Enforquem-no, enforquem-no, que já deve ter feito outras.

Se o prisioneiro era jovem:

– Enforquem-no, enforquem-no: ou ele fará outras.

ASSASSINO E PUXA-SACO

Numa fazenda do sertão nordestino, um capanga acordou outro:

– Zé, acorda. Acorda, Zé.

 O outro abriu os olhos, espreguiçando-se.

– Acorda, Zé, porque o doutor mandou que você matasse o Miguel, às 6 horas.

O outro, bocejando:

– Quem é o Miguel?

– Aquele da venda.

– Um baixinho?

– Sim.

– Moreno.

– Sim.

– Que fica sempre atrás da balança?

– Esse mesmo.

E Zé, depois de bocejar de novo, e de esticar os braços:

– Hum! Já estou com uma raiva dele, danada!…

CUIDADO!

Levavam a enterrar um beberrão, que parecia ter sofrido uma morte súbita. Por casualidade, quando o conduziam ao cemitério, passaram junto a um espinheiro. Picaram-no os espinhos, e ele voltou a si de seu letargo, de maneira que viveu ainda quatorze anos mais, embriagando-se e aplicando formidáveis surras na mulher.

Morreu finalmente, e quando o foram enterrar, disse a viúva aos carregadores:

– Por amor de Deus, vizinhos, não passem com o corpo de pobrezinho pelos espinheiros!…

VALENTÃO

Em um combate naval, um soldado escondeu-se no paiol de mantimentos do navio e, terminado o troar dos canhões, pôs a cabeça para fora e perguntou:

– Vencemos a batalha ou fomos feito prisioneiros?