PÁRA-QUEDISTA
A expressão de gíria designa o funcionário que – nas atividades mais pacatas e terrestres -, entra na empresa ou órgão público já sendo “chefe”; driblando os trâmites regulamentares exigido do resto dos mortais: concurso público, fase probatória, experiência, tempo de serviço, etc.
Na estrutura burocrática oficial do tempo do Império, os funcionários faziam carreira, e a conquista de um cargo de chefia implicava em ter labutado antes longos anos nos escalões inferiores.
Artur Azevedo, por exemplo, embora já ilustre teatrólogo, jornalista e escritor; só foi promovido a chefe de sua seção (um posto modesto, até então exercido por Machado de Assis), após ter passado mais de trinta anos como amanuense. Tanto que a promoção foi-lhe de breve valia: Azevedo veio a falecer uma semana após sua nomeação!
Com o advento da República, porém, tudo mudou: para ser chefe bastava ser militar, ou ter boas relações nas oligarquias dominantes. De uma hora para a outra, um indivíduo, totalmente alheio ao serviço público, já entrava neste como “chefe”.
Como por volta de 1900, fossem muito comuns no Rio os espetáculos de pára-quedistas europeus, que jogavam-se de balões (um dos muito modismos da época no campo das diversões, como as “mágicas” teatrais e ou as touradas), alguém, provavelmente um colega preterido em suas aspirações, lembrou-se de fazer a analogia.