Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

O REI NÃO ERA BOBO

Um homem gostava  muito de beber vinho. Mas, como o rei D. João II não bebia, todos procuravam seguir-lhe o exemplo para agradá-lo. E esse homem, às vezes excedia-se no vinho e ficava alterado, o que desagradava ao rei.

Um dia, em que o tal homem tinha bebido vinho, o rei mandou chamá-lo. E ele, para não cheirar a vinho, comeu folhas de loureiro, que exalavam forte cheiro. Mas o rei, ouvindo-o falar, percebeu a esperteza, e lhe disse:

– Fulano, debaixo de todo esse louro, que tal é o vinho?

MEDROSO

O governador-geral do Brasil, Francisco de Sousa, era excessivamente prudente. Antes de tomar qualquer decisão administrativa pesava sempre tudo muito bem; tinha cuidados imensos para não ferir suscetibilidades; era cheio de hesitações, de cautelas, de rodeios… Provavelmente imaginava que a posteridade o teria como “O Cauteloso”, “O Prudente”, “O judicioso”, ou “O Sábio”…

Mas o Zé-Povinho colonial desdenhosamente o batizou “O Das Manhas”.

ALÉM DE “BARBEIRO”, BEBUM!

O brasileiro desde o começo demonstrou talento para criar apelidos jocosos para os poderosos do dia. O navegador português João Dias de Solis, que em 1515 chegou até ao atual estado de Santa Catarina, foi apelidado de “Bojes de Bagaço”. “Bojes”, por ser navegador medíocre; já que “bojar” significa navegar rente à costa, próprio de quem não sabe se orientar em mar alto ; e “de Bagaço”, por ser muito amigo da garrafa.

DESCOBRIDOR DE QUE, MESMO?

Portugal, na época, não deu grande importância à descoberta do Brasil. Tanto assim que o epitáfio de Pedro Álvares Cabral, na Igreja da Graça, em Santarém, diz apenas isto (atualizada a linguagem): Aqui jaz Pedro Álvares Cabral; e Isabel de Castro sua mulher, cuja é esta capela, e de todos seus herdeiros; aquela depois da morte de seu marido foi camareira mor da Infanta dona Maria filha Del-rei D. João, nosso senhor e terceiro desse nome.

Sobre o feito de Cabral, nada! Aos contemporâneos, aos herdeiros de seu nome e de sua casa, era maior honra ter sido a mulher criada do Paço, camareira da filha de D. João III, do que o marido haver descoberto o Brasil!…

TORTO MAS GOSTOSO

Jerônimo de Albuquerque, povoador de Pernambuco, tendo em luta com os indígenas perdido um olho, atingido por flecha, merecia ter recebido um epíteto heróico; mas teve o apelido de “o Torto” (embora o poeta Bento Teixeira, num rasgo de puxa-saquismo o viesse a chamar mais tarde de “Branco Cisne Venerando”).

Devido a sua enorme descendência, com mulheres brancas e índias, o povo, irreverente como ele só, o batizou de “Adão Pernambucano”, e o acusou de pretender povoar Pernambuco sozinho…

INSTRUÇÕES PRECISAS

Sobre o tipo de homens que compunham as tripulações lusas na época dos descobrimentos, basta dizer que já em 1505, estavam a ser recrutadas para servirem na carreira, tripulações completamente inexperientes, como exemplifica a anedota contada pelo cronista Fernão Lopes de Castanheda, acerca dos marinheiros rústicos de João Homem:

“Esses campônios não sabiam distinguir bombordo de estibordo ao largarem do Tejo, e só conseguiram quando foi atada uma réstia de cebolas num dos lados do navio e uma réstia de alhos no outro.

– Agora – disse ele ao piloto – diz-lhes que virem o leme na direção das cebolas ou na dos alhos, e eles depressa compreenderão.”