Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

ESPÍRITO CRISTÃO

O pároco de Sagres, em carta dirigida aos seus superiores em Lisboa, em 1573, queixava-se das difíceis condições que enfrentava para exercer seu ministério. Tinha emolumentos funerários, mas os paroquianos infelizmente quase não morriam – lamentava-se ele. Mas tinha esperança que Deus o ajudasse, matando mais gente


PEDIDO RAZOÁVEL

Andando El-rei D. Sebastião à caça, chegaram-se para cumprimentá-lo dois Corregedores, a quem o Rei disse:

– Amigos, eu tinha muita vontade de vos ver correr.

Responderam os magistrados:

– Senhor, nós só sabemos correr atrás dos ladrões.

Então o Rei lhes retorquiu:

– Pois bem, então correi um atrás do outro!…


MORRER SIM

Saindo uma tarde El-Rei D. João III do Convento da Graça, fazia parte da comitiva real D. Álvaro de Castro, governador de Lisboa. Estava o dia frigidíssimo e de muito vento e chuva; e como todos viessem descobertos, exclamou D. Álvaro de Castro, voltando-se para o Monarca:

            – Senhor, o bom português é obrigado a morrer pelo seu Rei, mas não vejo porque se há pegar um resfriado – e ao dizer isto, cobriu-se sem mais cerimônia.

PUXA SACO…

Certo João Fogaça, dirigindo-se uma ocasião a falar a El-Rei D. João II, tropeçou na ponta de uma esteira; riu-se El-Rei e a Rainha; vira-se ele de repente e diz-lhes: “Querem que eu tropece outra vez?”

COMO HOJE

Por volta de 1552 conversava o rei D. João II nos seus Paços de Ribeira com alguns cortesãos quando o relógio da torre da Capela deu onze horas.

            – Onze horas! Já! Não pode ser! – Exclamou o monarca – acrescentando logo em seguida – Que grande mentiroso saiu o nosso relógio!

            Respondeu D. Pedro de Almeida, Alcaide-mor de Torres Novas:

            – Quer V. Alteza que ele fale a verdade, meu Senhor? Pois o mande afastar do Paço.

OBRIGADO POR NÃO ENROLAR

A El-rei D. João II chegou um pretendente, pedindo certo emprego.

– Já foi dado a outro. – disse o rei secamente.

Mas o pretendente lhe agradeceu muito, beijou-lhe a mão e despediu-se.

Desconfiou o rei que ele não entendera a negativa, e disse-lhe:

– Vinde cá: de que me agradecestes?

– Pelo favor que Vossa Alteza acaba de me fazer.

– Que favor vos fiz eu?

– Senhor, – disse o homem – o de negar-me de uma vez, sem me mandar a ministros; com isso me poupou muita canseira e aborrecimento, e dinheiro, que eu havia de gastar sem proveito!