SIM SINHÔ…
Celebrava-se, no principal teatro de Salvador, o decenário da morte de Castro Alves. Manuel Vitorino, político e médico de fama, futuro vice presidente da República, sobe ao palco e anuncia à platéia emocionada:
– “O Navio Negreiro”.
O poema, à medida que vai sendo declamado, comove a assistência, em completo silêncio. As respirações parecem suspensas.
E Manuel Vitorino, alteando mais a voz:
Andrada! Arranca este pendão dos ares!
Colombo!…
E alonga uma pausa, para dar maior vigor ao verso. Mas antes que retome a frase, uma voz fina responde, lá da última galeria, na torrinha do teatro.
– Sinhô?
O riso estala na platéia. E Manuel Vitorino, mais alto, num supremo esforço para dominar o teatro:
…fecha a porta dos teus mares!
Ao que a mesma voz zombeteira e fina, como se atendesse à ordem recebida, replica, pilhericamente, obrigando a assistência a rir às gargalhadas:
– Sim, sinhô…