DITADURA DA MODA

Dia 8 de março de 1808. O Rio de Janeiro vive o seu maior dia colonial: desembarca a corte portuguesa de D. João VI. O povo ferve, burburinha, e grita; no cais, nas ruas, nos morros, nas praias, nas árvores, nas sacadas e nos telhados.

As elegantes da cidade estão particularmente curiosas com a maneira de vestir das damas européias. Surge a Família Real e, curioso! Dona Carlota Joaquina, as princesas, as infantas, as damas de honor – todas, velhas ou moças – tem os cabelos cortados bem curtos!

– Deve ser moda! – deduziram as elegantes brasileiras.

– É o chique de Lisboa!

– É o último chique de Paris!

Logo as sedosas cabeleiras das cariocas haviam desaparecido; em poucas semanas, de norte a sul do Brasil, as mulheres se tosquiaram alegremente por elegância. Todas as brasileiras andavam orgulhosamente com os cocurutos quase raspados!

As razões de tal “moda”, eram tão ridículas como as das modas femininas de hoje: as mulheres da corte tinham cortado o cabelo em desespero, para combater a infestação de piolhos que grassou a bordo, durante a viagem!