E POSSO LEVAR UMA PONTE?

Dada a precariedade das fontes, pontes, caminhos e outras coisas públicas da Bahia, reuniram-se certa ocasião os homens importantes da cidade, para decidirem os investimentos que fariam nesses bens de uso comum da população. A discussão foi interrompida, entretanto, pelo aparte de um desses grandes senhores, que disse:

– Que ponte, nem meia ponte! E lá posso eu carregar uma ponte para Portugal?! Isso tudo há de aqui ficar quando voltarmos para o Reino! Só colocarei dinheiro em ouro, prata e pedras preciosas; coisas que poderei levar comigo quando retornar para terra de gente!…

E assim, continuaram por longos anos a beber água suja, a se molhar ao passarem os rios, e a se embarrar nos caminhos.