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PRESENÇA DESNECESSÁRIA

Andando D. António de Meneses passeando no terreiro, mandou o príncipe D. João chamá-lo. E

ele, sabendo do moço da câmara que levara o recado que estava o príncipe com somente fidalgos

que lhe el-rei seu pai dera por oficiais supremos de sua casa, entendeu que era para gracejar e disse

ao moço da câmara:

– Dizei a Sua Alteza que, se me manda chamar para conselho, que aí tem D. Pedro Mascarenhas;

se para saber de mim antiguidades, aí está D. Garcia de Almeida; se para cavalarias, que lá tem Aires

de Sousa; se para sonetos, a Francisco de Sá de Meneses; se para ditos e motes, a Rui Pereira da Silva;

com os quais pode escusar a D. António de Meneses5.

Sabendo nós que Sá de Meneses desempenhava desde 1549 as funções de camareiro

SAÍDA PRECIPITADA

A mútua implicância de portugueses e espanhóis, deu origem um sem número de anedotas através dos tempos, de lado a lado. Fazendo troça do fato dos portugueses serem sumamente aficionados  à guitarra, Monsenhor Menage refere que havendo perdido os portugueses uma batalha, foram encontradas no campo, que desocuparam com a fuga, catorze mil guitarras.

EXAGERADO

Um fanfarrão desentendeu-se com outro sujeito, e iam já os dois a engalfinharem-se, quando um terceiro interveio e os separou:

– Deveis dar-lhe os agradecimentos – diz o fanfarrão ao seu adversário – pois se não fosse ele havia de achatar-vos na parede como uma lagartixa, não vos deixaria inteiro senão o braço direito para me tirardes o chapéu quando eu passasse

A BARBA DA PRINCESA

Até o século XVIII, como se sabe, raramente as mulheres faziam parte das companhias dramáticas na Europa. Por isso, geralmente os papéis que lhes deviam pertencer eram desempenhados por homens. Indo um dia um nobre ao teatro, e impacientando-se de sobra porque o espetáculo não principiava, veio falar-lhe o diretor e escusou-se dizendo:

– Senhor; peço perdão por esta demora, mas a princesa está fazendo a barba.

ADVOGADOS

Tendo notícia El-Rei D. João II que certo Corregedor da Corte era pouco limpo de mãos, e muito negligente para as partes, lhe disse um dia:

– Corregedor, olhai por vós, e da maneira quer viveis, porque me dizem que tendes as portas fechadas e as mãos abertas.

SUJEITO DE SORTE

Depois de ter sido realizada uma junta médica, o médico particular entra no quarto do paciente, a quem diz:

– Felicito-o sinceramente.

– Então sempre escapo?

– Talvez não; depois de uma conferência descobrimos que o seu caso é fatal, mas inteiramente novo, e resolvemos dar o seu nome à doença, se o diagnóstico for confirmado pela autópsia.