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– Que fazeis? – disse a um gotoso que estava comendo presunto, um amigo seu. – Não vedes que o presunto é mau para a gota?

– Assim é – respondeu o doente – mas é bom para o gostoso.

Dois sábios, muito pouco religiosos, quiseram comer juntos numa sexta-feira da Quaresma; porém não encontraram outra coisa que toicinho e ovos. Mandaram fazer uma fritada, e estando comendo, sobreveio uma tempestade horrorosa, com trovões e ventos que ameaçavam a destruição do povoado. Naquele conflito, um dos sábios arrojou pela janela a fritada, dizendo:

– Vejam vossas mercês: quanto estardalhaço, só por uma mísera uma fritada!

Estavam dois cavalheiros contando um ao outro as proezas de sua juventude. Disse um, entre outras coisas, que num combate naval num navio, havia tirado a vida de trezentos homens.

– E eu, – respondeu o outro – achando-me na Suíça, desci por uma chaminé para ver a uma formosa vizinha minha, a quem eu amava.

Replicou o outro que não era possível, porque naquele país não havia chaminés.

– Pois é possível, – retrucou o outro – que já tenhas matado trezentos homens num navio, e não queiras deixar-me sequer uma vez, baixar por uma chaminé na Suíça para ter o gosto de falar com uma mulher bonita!

Um soldado levava um volume debaixo da capa; encontrou com um capitão que lhe perguntou:

– Que levas aí?

– Um punhal, senhor – respondeu o soldado.

Vendo o capitão que se tratava de uma garrafa de vinho, lhe respondeu – depois de tê-la bebido toda:

– Toma, que te dou a bainha.

Uma dama de escassa cultura, querendo elogiar a uma velha marquesa que fora agraciada com uma comenda da Igreja, disse-lhe, para ressaltar seu merecimento:

– Também gostaria de receber tal honraria, mas não sou tão meretriz como Vossa Senhoria. 

De uma dama, que usava um penteado altíssimo, alguém disse que ela havia encontrado o segredo para colocar a cabeça no meio do corpo.