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SERIA UM HOMEM MORTO
Para um sujeito que não possuía nem um centavo, contava outro os lances de um duelo de que acabava de participar, e finalizava dizendo:
– A bala do meu adversário se alojou num dobrão de ouro que eu carregava no bolsinho do colete.
– Que sorte! – exclamou o ouvinte – se fosse comigo, eu hoje estaria morto.
FORÇA DE VONTADE
Em casa de um comerciante muito rico, houve tertúlia e cantou um jovem barítono, sendo muito aplaudido.
O dono da casa o chamou à parte e lhe disse:
– Disseram-me que os cantores que ganham mais dinheiro são os tenores; não seja tolo, pois, e cante de tenor!
– Porém, – observou o cantor – se eu tenho voz de barítono…
– Não importa: com aplicação tudo se consegue. Eu comecei contrabandista e hoje me vejo comerciante. Vamos, ânimo.
CONVERSA INFORMAL
– Vosmecê é caçador?
– Uma única vez fui à caça, faz vinte anos.
– Compreende. Vosmecê era inexperiente e aborreceu-se a primeira vez, vendo que não matara nada…
– Ao contrário; matei um guarda-caça.
ESTRANGEIRO
Dois indivíduos passaram a manhã, a tarde e a noite numa taverna. Ao sair à rua, vendo grande claridade, disse um deles:
– Homem, que formosa lua!
– Companheiro, tu estás mal, – replicou o outro, rindo. – Porque isto não é lua, é sol.
– Pode ser que tenhas razão. Espere: ali vem um homem e eu vou perguntar-lhe. Diga-nos, bom homem: este resplendor é de sol ou de lua?
– Os senhores terão que me perdoar, mas como sou estrangeiro, não lhes posso tirar a dúvida.
POR RECOMENDAÇÃO
Certo cavalheiro, criticado por ser muito dado à bebida, justificava:
– Hipócrates dizia que para conservar a saúde, convém embriagar-se uma vez ao mês, e como não estou certo de saber cumprir exatamente a sua recomendação, eu ensaio três vezes por semana.
CÚMULO DO AZAR
– Homem, não há ninguém tão caipora como eu! – queixava-se o boêmio ao amigo. – Vou ao baile de máscaras, gasto um dinheirão, à última hora conquisto uma mulher… e era a minha!