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TENHA PIEDADE!
Artur Guaraná foi companheiro de Paula Nei. Morreu na mais extrema miséria. Nei quis honrar a memória do amigo com um enterro de luxo, e, para isso, ganhou a rua, pedindo ajuda a um e a outro, com a lista na mão. Ao conseguir a quantia suficiente, fez o enterro.
Quando o caixão ia descendo à sepultura, um daqueles cacetes discursadores, puxou um maço de folhas escritas do bolso do casaco, e tentou iniciar um discurso:
– Minhas senhoras e meus senhores!…
Nei botou a mão na boca do orador, gritando:
– Não estrague o enterro do rapaz!
SOGRO DO HOMEM
Capistrano de Abreu, o grande historiador, era ateu. Sua filha, porém, entrou para o convento e saiu freira. Um dia, tentou converter o pai. E este, gozando o genrismo que já imperava na época:
– Não se aflija… Jesus Cristo, agora, é meu genro. Nós nos acomodaremos em família…
VALEU A INTENÇÃO
O Governador de Pernambuco de 1892 a 1896, Alexandre José Barbosa Lima, estava em visita a uma pequena cidade do interior do seu estado. Muito pernóstico, o chefe municipal fez o discurso, no banquete:
– Senhores, saudemos o Dr. Barbosa Lima. Sua Exª tem demonstrado no governo que é um homem de bem. O Dr. Barbosa Lima é um cínico, um venal!
Os presentes se assustaram. O orador ficou, muito importante, gozando o efeito das palavras que pela primeira vez usava, mas cujos significados continuava ignorando. E quando se esperava um protesto, o Governador se saiu com esta:
– Obrigado pela intenção!
MAMATA
Em 1840, Francisco Álvares Machado e Vasconcellos foi Presidente do Rio Grande do Sul. Um cavalheiro bem relacionado política e socialmente, o procurou, para felicitá-lo, e, ao mesmo tempo, pedir emprego que fosse de representação, bem remunerado e que desse pouco trabalho.
E Álvares Machado:
– Pois não. Com muito gosto. O segundo emprego nessas condições, que aparecer, será seu.
– O segundo?! Por que não o primeiro?!
– Porque o primeiro será meu…
FANADINHO
José de Alencar e Zacarias de Góes, não eram os opostos apenas na política. Também na compleição física e no vestir: Alencar baixinho, franzino, doentio e relaxado nas suas roupas; Zacarias alto, atlético, bonito e trajando impecavelmente conforme a última moda de Paris.
Alencar, na sessão do dia 6 de setembro de 1869, no Senado, quando ele era Ministro da justiça, foi atacado por Zacarias, que o chamou de “fanadinho”. Alencar, fazendo alusão a certos atos de subserviência do oponente, alfinetou-o:
– Ora, senhores, sei que alguns homens altos costumam curvar-se para passar por certas portas. Mas os baixos têm uma vantagem: nunca se curvam. Quando passam pelas portas baixas ou pelas altas, como estas do Senado, trazem a cabeça erguida!…
SUJEITO AZARADO
O Marechal Deodoro da Fonseca, herói da Guerra do Paraguai e primeiro Presidente da República do Brasil, detestava os oportunistas. Mas, era obrigado a recebê-los e a lhes dar atenção. E, de quando em vez estourava nas audiências públicas.
Um velhote, que o procurou, queria emprego de qualquer jeito. Chateou meia hora, a alegar que trabalhara trinta anos pela República. Deodoro não agüentou mais:
– Pois eu só vim a ser republicano no dia 15 e já cheguei a Presidente da República. Logo, o caipora é o senhor…