Arquivo da Categoria ‘De 1500 a 1600’
O REBANHO
No mercado público da cidade, um homem pretensioso que tinha uma pequena chácara no campo, avistando o seu empregado recém chegado de lá, perguntou-lhe bem alto, para que todos ouvissem:
– E então? Como vai o meu “rebanho”?!
– Ah, patrão – respondeu o empregado – quando eu parti de lá, uma ovelha estava deitada e a outra pastando…
CASE-O
Um rústico, que tinha sido alegre e bem disposto nos tempos de rapaz solteiro, depois de alguns anos de casado, tornou-se taciturno, magro e encurvado.
Um dia, indo para o campo trabalhar, ele viu um açougueiro perseguir um touro, e perguntou-lhe por que fazia isso.
– Porque eu quero amansá-lo – respondeu o açougueiro.
– Ah – respondeu o rústico – então faça ele se casar, se isso não deixá-lo mansinho, nada mais o fará!
BISPO ALIMENTÍCIO
O bispo Pero Sardinha, primeiro Bispo do Brasil, foi o protagonista de um episódio tragicômico da História do Brasil, ao ser devorado pelos caetés, em 1556. O fato de o infeliz clérigo ter tido o nome de Sardinha, e de ter sido comido; permitiu que gerações e gerações de colegiais, ao tomarem notícia do fato pela primeira vez, sejam levados a fazer a mesma (velha) piada:
– Mas, professor, o bispo era sardinha em óleo, ou em molho de tomate?
Afinal, não é isso que nós fazemos até hoje com sardinhas; dignos descendentes que somos daqueles antigos caetés?
PARA NÃO GASTAR
Um homem, tendo caído doente, prometeu-se a pagar o médico se ele se recuperasse. Quando a sua mulher o recriminou por beber vinho estando febril, ele retrucou:
– Pois então tu queres que eu fique são, e seja obrigado a pagar o médico?
MÉCIA DOS MAUS VENTOS?!
Muitas foram as uniões de reis e rainhas de Portugal com membros da corte espanhola. Um dos enlaces mais desastrados desses, foi o da espanhola D. Mécia de Haro com o rei D. Sancho II, em 1245.
D. Mécia revelou-se uma peste! Logo era conhecida na Corte como a “Mulher-diaba”, a ”Eva-pecadora “(Sancho II teria “sócios”), e a “Feiticeira”. Contrastando com a sua personalidade forte, D. Sancho II foi um fraco – o tipo de marido que os portugueses chamavam de “Gonçalo”, “em cuja casa manda mais a galinha do que o galo”. Os cronistas da época descrevem a rainha como desordeira e criadora de atritos com o Clero. O casamento não poderia acabar bem: Tantas fez D. Mécia, que o matrimônio foi anulado pela Igreja, e o infeliz D. Sancho II, deposto do trono.
Em função desse episódio, o povo teria cunhado o adágio: Da Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos!
Quanto a parte dos ventos? Bom, primeiro entram no ditado para propiciar a rima, depois porque é da Espanha que vem o frio vento leste no inverno, e o abrasador “suão”, no verão…
OLHO POR OLHO
Um homem foi reclamar ao vizinho que o cão deste havia mordido a sua mulher. O vizinho respondeu:
– Muito bem, faça-se justiça. Consinto que a tua mulher morda o meu cão.