Arquivo da Categoria ‘De 1500 a 1600’

TEIMOSA

Uma mulher turrona insistia em chamar o seu marido de “piolhento”, deixando-o furioso. Não adiantava que ele, pedisse, implorasse, ameaçasse, ou – afinal –  lhe aplicasse tremendas surras. Ela continuava chamando-o: “Piolhento!… piolhento!…

Até que um dia ele perdeu as estribeiras, e a atirou dentro de um poço.

A mulher submergia e vinha à tona várias vezes, e a cada vez que vinha a tona, gritava: “Piolhento!”

Antes de morrer afogada, ficou ainda uns segundos apenas com as mãos fora d’água. Mas esfregava as unhas dos polegares um no outro, fazendo o gesto de quem esmaga piolhos…

QUEM SABE, SABE

Um campônio foi consultar um velho erudito sobre algo que muito o intrigava. O sábio, curvado, com grossos óculos, o recebeu em sua vasta biblioteca, onde compulsava grosso alfarrábio.

– Senhor doutor, – disse o camponês – há uma coisa que não me sai do bestunto, e que só o senhor poderá me responder: Por que, se há galinhas brancas, galinhas pretas e galinhas cinza; não as há vermelhas, amarelas ou azuis?

– Ah, meu bom homem: isso é porque não é a moda.

LUTO

Um bêbado embriagava-se numa taverna, quando um seu vizinho chegou e comunicou-lhe:

– Fulano, a tua mulher morreu!…

Ao ouvir isso, o bêbado ordenou:

– Taberneiro! Traga-me um vinho bem escuro, que eu estou de luto…

HOMEM DE AÇÃO!

Um cavaleiro aproximou-se de um rio e, para atravessá-lo, tomou uma balsa. Como ele permanecesse montado sobre o cavalo na embarcação, o balseiro perguntou-lhe por que não desmontava durante a travessia.

– É que eu disse a meus amigos que atravessaria o rio a cavalo!

QUESTÃO FILOSÓFICA

Um noviço, querendo exibir-se de sua cultura filosófica perante um pobre servo leigo,  fez-lhe a clássica pergunta:

– Responda como bom cristão: quem veio antes: o ovo ou a galinha?

– Ah, meu senhor… – respondeu o labrego, – quem sou eu para saber?  Há tanto tempo que não vejo nem uma coisa nem outra!

GRAMÁTICA LATINA

Certo sacristão, que tinha recebido educação esmerada, atendia o altar para o seu sacerdote, que, ao contrário, era grosseiro e ignorante. Quando chegou o momento do Ofertório, o padre pediu o cálice, resmungando:

– Onde está o calicem?

O sacristão respondeu, num sussurro:

– Meu senhor, isso não está correto – o senhor devia dizer calix.

– Pois então me dê o calix!…

– Neste caso o senhor não devia dizer calix, mas calicem.

– Ao diabo com a tua lógica, e me dê logo o maldito copo!