Arquivo da Categoria ‘De 1600 a 1700’

IDIOMAS

Um burguês muito ignorante, tendo enriquecido no comércio, tomou-se de ares fidalgos. Contratou um mestre para ensinar-lhe boas maneiras e toda classe de conhecimentos a respeito de coisas sobre as quais escutava diariamente. Um dia ele perguntou ao seu professor:

– Conheceis Geografia?

– Certamente senhor!

 – Então dizei-me: como se  fala “mesa” em Geografia?

PARA ONTEM

Um rico fidalgo, querendo fazer uma viagem da corte a uma província, em carruagem, foi informar-se com a administração sobre a demora.

– Se atrelais um cavalo – disse-lhe o postilhão – fareis as quatro léguas em três horas.

– E com dois cavalos?

– Pois, com dois cavalos, em duas horas.

– E com quatro?

– Em uma hora.

– Então atrele doze cavalos, que quero chegar imediatamente!

TOLOS

Um bobo da corte de um rei, um dia mostrou ao seu amo uma lista com nomes.

 – O que representa essa listal? – indagou o rei.

– Alteza, esses são todos tolos que eu conheço – respondeu o truão.

– Mas, – exclamou o rei – o meu nome encabeça a lista!

– Isso é porque vossa majestade ontem encarregou àquele nobre alemão, de comprar em seu país e trazer-vos duzentos cavalos. Mas, vossa majestade deu-lhe o dinheiro adiantado!

– Não vejo nenhuma tolice nisso; – retrucou o rei. – suponha que ele os entregue de acordo com as minhas determinações?

– Nesse caso eu apagarei o vosso nome, – disse o bufão – e colocarei o dele!

CARADURA

Numa carta a Filipe III, o inquisidor-geral Fernando de Mascarenhas conta ter ficado com os bens de uns “conversos” por saber, de antemão, que o rei, a exemplo dos seus antecessores, não os queria, por serem “cousa de gente empestada”. Já que o rei não os queria….
Os bens dos judeus sujavam as mãos dos reis, mas não as dos inquisidores!

COERÊNCIA

Um advogado, tendo perdido umaa causa  que defendia num tribunal, disse ao magistrado:

– Vossa Excelência hoje julgou deste modo, e este mês, na mesma causa, julgou tudo pelo contrário.

– E então?! – pergunta o magistrado, severamente, de cenho franzido.

 – Mas sempre bem!…

SE EU FOSSE REI…

Três maltrapilhos guardadores de porcos puseram-se a conversar, certa ocasião, sobre o que cada um deles faria, se fosse rei.

– Eu cá, – disse o primeiro – se fosse rei, havia de mandar fazer logo uma roupa nova e compraria um lindo coche para passear nele aos domingos.

– Pois eu – aparteou o segundo -, casava-me com a filha mais nova do sr. barão, e depois metia-me com ela num grande palácio com um exército de criados só para nos servir.

 O terceiro disse então:

– Eu cá, se fosse rei não faria nada do que vocês disseram.

– Pois então, o que farias tu? – perguntaram os outros dois.

– Eu, se fosse rei, havia de guardar os porcos  a cavalo, porque isso de andar a pé e descalço por estes montes pedregosos é muito duro…