Arquivo da Categoria ‘De 1600 a 1700’

CÁRIE CHIQUE

No século XVII o açúcar custava muito caro, mas era o alimento preferido dos europeus abstados. Na mesa dos nobres e ricos tornaram-se comuns os bolos, geléias, cremes e doces de todo o tipo. Como não havia hábitos de higiene bucal, era comum os ricos terem os dentes totalmente podres! Consta que os da rainha Elisabeth I, da Inglaterra, tornaram-se totalmente pretos por ingerir muitos doces. E o hálito, então? Com tantos dentes estragados, é fácil se concluir que o mau-hálito dos ricos era terrível! Uma dama da corte portuguesa era conhecida por “boca de cloaca”!…

JUÍZES ANALFABETOS

Só por Alvará real de 13 de Janeiro de 1642 se proibiu que os analfabetos fossem juízes em Portugal e no Brasil! Embora já muito antes, nas cortes de Leiria e Santarém, os conselhos tivessem pedido – sem sucesso -, que os corregedores fossem homens letrados, discretos e competentes em matéria de direito. Não admira que na época fossem tão comuns as anedotas a respeitos de juízes!

CALUDA!

Um homem entrou numa barbearia para arrancar um dente cariado, e o aprendiz, que era muito desajeitado, colocou o alicate de tal maneira que arrancou o dente estragado e mais outro.

– Homem! – exclamou o paciente. – você me arrancou dois dentes!

– Silêncio, por amor de Deus, – implorou o aprendiz – veja que se o mestre o ouve, vai cobrar por duas extrações!

SÓ SOBROU UMA

Passando um roceiro pela rua de uma cidade, em que havia muitas lojas e poucas mercadorias, resolveu entrar na que estava mais vazia, e perguntar o que se vendia ali. O comerciante querendo caçoar dele, respondeu-lhe:

– Aqui se vendem cabeças de burro.

 – Pois devem ter muito boa venda, – respondeu o rústico – pois só estou vendo uma!

PROBIDADE

Dois litigantes, que pretendiam o favor de um juiz, fizeram-lhe, cada um, um presente. O primeiro deu-lhe uma bilha de azeite de oliva, e o outro um porco. Sentenciou o juiz a favor do que lhe mandara o porco. Veio queixar-se o que perdera a, e o juiz respondeu-lhe que entrara na sua casa um porco que lhe tinha quebrado a bilha de azeite, e que este acidente lhe fizera esquecer-se da sua causa.

O “ONÇA”

Luís Vahia Monteiro foi governador e capitão-geral do Rio de janeiro. Ranzinza como ele só, o que mais fez durante o seu governo, foi reclamar. Em uma carta ao rei de Portugal, D. João V, declarou: “Nesta terra todos roubam; só eu não roubo”. O que não impediu que ele fosse descoberto desviando dinheiro público para o seu engenho…

Afinal, enlouqueceu no cargo, tornando-se ainda mais ranzinza, genioso e até violento. Por essa razão foi apelidado “o Onça”; daí originando-se o termo “no tempo do Onça”.