Arquivo da Categoria ‘De 1600 a 1700’
SIPANTA! SIPANTA!
Nas lutas contra o invasor holandês, havia um negro, de nome Bastião, que combatia ao lado dos portugueses. Era esse negro extremamente aguerrido, mas atrapalhado para falar, como ele só! Em meio à certa batalha, ao ouvir o comando de “Retirada!”, contestou: “Não retira! Sipanta! Sipanta!”. O que o bravo Bastião queria dizer era : “Não retiremos! À espada! À espada!”
QUAL BRASIL, QUAL CARAPUÇA
Frei Vicente do Salvador, em sua História do Brasil, salienta a nenhuma importância que o rei de Portugal dava ao Brasil na época, que nem o título quis dele. De fato, o monarca português intitulava-se Senhor de Portugal e dos Algarves, Senhor de Guiné e da Conquista. Do Brasil, necas!
Guiné era mais importante que o Brasil. Isso que o rei do Congo questionava o direito a esse título:
– “Senhor” de Guiné por quê? Por uma caravelinha que lá vai e vem?
CAPITAL
Perguntou um truão a uma linda dama da corte, se condescenderia em ser sua querida, caso a fortuna o houvesse dotado com vinte mil ducados.
– Nunca! Ainda que fossem cem mil!
– Mas, e se eu tivesse meio milhão?
– Aí poderias dizer que ninguém te iria resistir…
– Maldita sorte a minha! Exclamou o bobo – mais um belo negócio que eu perco por falta de capital!
DE PORTE
Um poeta assistia a representação de uma comédia, com grande interesse, quando começou a ser importunado por um sujeito que lhe estava ao lado. Por mais que ele demonstrasse o seu desagrado, o homem persistia com sua tagarelice em voz alta, perguntando e fazendo comentários estúpidos.
Cansado daquela grosseria, perguntou-lhe o poeta a dada altura:
– Podeis dizer-me qual é o maior animal que há na terra?
– Não compreendo a vossa pergunta, mas sempre vos direi que é o elefante…
– Pois eu vos agradeceria, senhor elefante, o favor de estar calado!
SABER PRIMEIRO
Um certo cavalheiro, temendo um processo criminal, deixava crescer a barba, não querendo – dizia – fazê-la antes de saber se a sua cabeça continuaria a lhe pertencer.
BOTICAS E BOTICÁRIOS
As velhas boticas (farmácias) dos tempos coloniais brasileiros eram antros sinistros, onde a maledicência fazia toca e o mexerico e a malícia eram as drogas de maior procura. Isso explica a quadrinha que corria no Rio:
A botica vende tudo
Vende da purga ao sudário
Só não vende, por cautela,
A língua do boticário.
Já em Porto Alegre, o jornal O Inflexível publicou o seguinte a respeito de um certo Pedro Boticário:
Não temos lá no inferno lagartixa
De mais nojo e fedor que esse maldito.
Na porta da botica baixa e escura,
Vomita só furor o sanguinário
Que um Bertoldo parece na figura.
Assusta só o ver seu ar nefário!
Enjeitado da gente mais impura,
É gordo, coxo, torto e… boticário!