Arquivo da Categoria ‘De 1600 a 1700’
DE FACA NA BOTA
No século XVII, compareceu perante um tribunal uma mulher muito mal-humorada, acusada pelas suas vizinhas de ser feiticeira O Presidente do Tribunal, indagou-lhe ríspido:
– Responda já: tendes visto o diabo?
– Neste mesmo momento eu o vejo, – respondeu a acusada. – Tenho-o aqui na minha frente.
– Em que figura?
– Na figura de Presidete do Tribunal, e é terrívelmente feio!
NÃO SE PREOCUPE
Um famoso doutor foi chamado para ver uma senhora que estava doente de imaginação.
– Então que sente V. Exª – perguntou-lhe o médico.
– Nem eu sei dizer-lhe, senhor doutor. Como, bebo, durmo bem, tenho todos os sintomas da boa saúde, mas…
– Mas… o que mais?
– Mais nada.
– Pois deixe estar, minha senhora; que eu vou receitar uma coisa para tirar-lhe tudo isso.
XUMBREGUICES
Jerônimo de Mendonça Furtado, foi capitão-geral e governador da capitania de Pernambuco, mas acabou preso pela Câmara e pelos homens principais da terra, na rua de São bento, em Olinda, em 1666.
Por usar bigodes enfunados, à maneira do marechal-de-campo alemão Armand Friedrich Von Schomberg, que comandara as tropas portuguesas na guerra de libertação do domínio espanhol – e pelo fato da população não gostar dele – passou a ser chamado jocosamente o Xumbregas.
IDENTIFICAÇÃO RÁPIDA
Em 1685, Alberto Pires matou a sua mulher, Leonor de Camargo. Foi o início das famosas e sangrentas lutas entre as famílias paulistas Pires e Camargo, que tanto se prolongaram e ceifaram vidas de lado a lado.
Consta que, naqueles tempos, os velhos Camargos ensinavam aos filhos: Meu filho, quando vossemecê encontrar um homem baixinho, barrigudinho, de perna fina, não pergunte; pregue-lhe um tiro porque é Pires.
Por sua vez também os velhos Pires doutrinavam os filhos: Meu filho, quando explicardes três vezes a mesma coisa a um sujeito e ele ainda da terceira não entender, metei-lhe bala, sem piedade, porque é Camargo.
NEM ELE FOI POUPADO
Ao Bispo de Pernambuco que, na hora da morte, tentando o arrependimento tardio, lhe apresentava a imagem do Senhor Crucificado, com olhos cobertos de sangue, Gregório de Matos respondeu, num improviso extremo:
“Quando os meus olhos mortais
Ponho nos vossos divinos,
Cuido que vejo os meninos
Do Gregório de Morais!”
Tinham os meninos desse vizinho, olhos inflamados por oftalmia.
QUE TRATAMENTO?
Uma vez, um estúpido juiz de Igaraçú, em Pernambuco, fez um auto criminal contra um sujeito, porque o tratou por vós. Gregório de Matos, defendendo o réu, confessou o fato, que considerava inocente e arrazoou desta forma:
“Se tratam a Deus por tu
E chama a El-rei por vós
Como chamaremos nós
– Tu e vós e vós e tu…”