Arquivo da Categoria ‘De 1600 a 1700’

Um mestre-escola foi comissionado pelo Conselho de sua cidade para receber a um ilustre personagem. Posto em sua presença, lhe disse assim:

– Senhor, os ignorantes, que estão aqui presentes (indicando o Conselho da Cidade) comissionaram a este pedante (indicando a si próprio) para cumprimentar-vos.

Semelhante arenga agradou muitíssimo ao ilustre visitante.

Um homem ignorantíssimo, admirado da facilidade com que se havia graduado em certa universidade, ofereceu aos doutores uma soma de dinheiro considerável, para obrigá-los a que graduassem o seu cavalo; porém lhe responderam: Que, ainda que graduavam a burros, de que ele mesmo era bom testemunho, não costumavam fazê-lo com os cavalos.

Um lavrador, que tinha cerca de oitenta anos, foi com sua mulher, que ainda era mais velha, ao mercado para comprar um corvo. Perguntados sobre a estranheza daquela compra, respondeu ela:

– Nos disseram que esse pássaro vive até 300 anos, e compramos um recém saído do ninho, porque meu marido e eu queremos averiguar se isso é certo.

A um oficial da Marinha, que sustentava ter direito de mandar nas galeras, e que na ocasião encontrava-se num porto onde não as havia, puseram-lhe no sobrescrito de uma carta: A N………, comandante das galeras; em sua ausência.

Um cavalheiro, que não apreciava os versos de certo poeta por falta de fogo, foi visitá-lo, e o encontrou muito encatarrado, suando e cuspindo muitíssimo; pelo que disse:

– Nunca tinha visto um homem tão úmido e um poeta tão seco.

Dizia um aficionado ao vinho:

– Costumam assegurar que uma taça de vinho sustenta um homem; eu acabo de beber mais de trinta, e mal consigo me manter em pé.