Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’
PARECE INCRÍVEL
– Pobre rapaz! Morto tão jovem! Nesta taverna ninguém o servia mais do que eu… Acredita o cavalheiro, que na véspera de sua morte comeu aqui mesmo uma bisteca com batatas? Acreditará vossa senhoria?
– Com batatas? Deveras? Parece impossível!
JUSTIÇA PENSADA
Estavam recolhendo em um tribunal os votos para sentenciar um pleito, e despertaram a um magistrado para que desse o seu.
– Que o enforquem.
– Mas, senhor, se trata de um prédio…
– Ah, sim? Pois que o pintem.
SÓ VENCIDO
Em conseqüência de uma disputa violenta sobre doutrinas políticas, enfrentaram-se a espadas dois homens. Depois de um instante de luta, um deles caiu ao solo. Correu a ele o adversário, e perguntou-lhe:
– Estás vencido?
– Vencido, sim, – respondeu o outro – mas não convencido.
DUAS VEZES, NÃO!
Um rapazola se confessava e se acusava de haver estragado o cercado de seu vizinho para colher uns pêssegos.
Perguntou-lhe o cura se ele os havia colhido, e ele respondeu:
– Não, padre, porque ainda não estão bem maduros; mas penso colhê-los no sábado ao anoitecer, cuidando que o cercado não padeça; por isso entrarei pelo pomar do tio Maneca que fica ao lado.
O cura, sabedor das informações, foi mais rápido que o moço e colheu os pêssegos no sábado de madrugada, e o jovem se viu burlado.
Passados dois ou três meses, tendo que confessar-se novamente, o jovem retornou. E se acusou de que pensava pouco em Deus porque tinha todo seu pensamento voltado para uma moça muito bela.
– E quem é ela? – perguntou o padre.
– Ah não, padre! – gritou o moço com vivacidade. – Os pêssegos vá lá, mas quanto à moça; que me enforquem se lhe dou informações!
VINHO
Mandaram um oficial de justiça para prender um taberneiro. Este o emborrachou e escapou de suas garras. O oficial de justiça é que foi mandado para a prisão pelo juiz; e, no dia seguinte, dizia para si mesmo:
– Não há oficial de justiça como o vinho; porque prende os próprios oficiais de justiça!
CONSOLO
Queixava-se uma senhora de um padre, que em seus sermões só falava dos defeitos femininos, e lhe disse um amigo:
– Vamos, senhora, o pobre pregador não poderá ao menos falar de mulheres? A quem não pode beber permite-se ao menos que enxágüe a boca com o vinho!