Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’
AMOR PLATÔNICO
Conversavam duas criadas enquanto faziam o serviço da casa:
– Diga-me, Manuela, que coisa é essa de amor platônico?
– Filha, é uma espécie de vinho aguado.
SÓ MATAR
Dois enviados de um povoado da província foram à Corte para ver um pintor, e encarregá-lo de pintar um quadro de S. Sebastião.
– Como o querem vossas mercês? – perguntou o pintor – vivo ou morto?
– Sobre isso – respondeu um deles – nada nos disseram; porém o melhor é que vossa mercê o pinte vivo, que se não gostarem, nós o mataremos lá…
ELAS POR ELAS
Um mordedor pedia certa quantia emprestada a outro, e este se negava.
– Mas, homem, se é quase nada o que eu te peço…
– Mas, homem, quase é nada o que eu te nego.
CHATO!
Um nobre português, tendo que ir à Paris durante a Revolução Francesa, foi barrado pelo que guardava a porta da cidade, que lhe perguntou seu nome:
– Sou o Senhor Marques de Santomaior – respondeu ele.
– Cidadão – replicou o guardião – isso de “senhor” já não se usa mais na França.
– Tem razão; sou o marques de Santomaior.
– Cidadão, a nação aboliu os marquesados.
– Também é verdade: sou, pois, de Santomaior.
– Cidadão, já não há mais “de” antes do nome.
– A razão lhe sobra: não sou mais que Santomaior.
– Cidadão, a nação suprimiu os santos.
– Com efeito; e sendo assim só me chamo Maior.
– Cidadão, na França já não há maiores, todos somos iguais; não há mais do que irmãos.
– Pois então, para que tantas perguntas? Sou o vosso irmão.
– Isso é outra coisa… e pode ser verdade, porque eu sou filho natural.
ISSO É FÁCIL
Num espetáculo de saltimbancos, um ginasta que pulava por cima de oito cavalos, causando grande admiração.
– Isto não é nada – exclamou um pobre poeta – eu já saltei mais.
– Tu?
– Eu já saltei do almoço de segunda-feira à ceia de quinta-feira!
DIFÍCIL DE MANTER
Perguntaram a uma senhora muito bela qual era o emprego de mais difícil desempenho para uma mulher, na Corte, e ela respondeu:
– O de dama de honra!