Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’

BOTÂNICO

Em uma reunião de médicos e botânicos, perguntou um larápio, que ali havia se introduzido e deitado a mão em alguns objetos que lhe não desagradavam, qual era a planta mais útil ao homem. Cada qual apontou aquela que julgava mais salutar. Vendo porém o larápio que todos divergiam de opinião, deu uma gargalhada, e lhes disse afinal:

– Meus senhores, a planta mais útil ao homem é a planta dos pés! – E proferindo estas palavras, deitou a fugir.

GALANTEIO

Indo um negociante à casa de um campônio para lhe comprar uns porcos, deu com ele à porta do curral, acompanhado de sua filha, que passava pela rapariga mais bonita do lugar. O negociante, a quem esta não desagradou, querendo render-lhe uma fineza, disse para o pai:

– Olhe, meu amigo, se os seus porcos se parecerem com a sua filha, juro-lhe que hão de ser soberbos bichos!

PROGRESSO

Certo sujeito gastou toda a sua mocidade sem saber ler nem escrever, e pretendendo remediar esta falta depois que teve sessenta anos, chamou um mestre para ensiná-lo, e no fim de vários meses de estudo, perguntou-lhe este:

– Que letra é este “A”?

– Este “A”? – disse o discípulo olhando muito atentamente para a letra – este “A” é um “B”.

OS MELHORES

Tendo lido certo poeta uns versos a Bocage, perguntou-lhe qual deles lhe agradava mais.

– Os que não leste – respondeu Bocage.

VIDA ALEGRE

Um tolo fidalgo, querendo impressionar a uma mulher da corte que queria conquistar, dizia-lhe:

– Minha cara senhora, eu, quando digo uma asneira, sou o primeiro a rir dela.

– Que vida alegre que vós deveis passar!… – respondeu a dama.

POUCA BESTA

Dizendo certos amigos a um cavalheiro, que não fazia bem em sair quase sempre em sua sege a rédeas, podendo sair com boleeiro, respondeu ele:

– De ordinário, quando eu saio, é uma besta só; e quando vai comigo minha mulher, é que são duas bestas.