Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’

DEPENDE…

Um cavalheiro, necessitando de dinheiro, resolveu vender o seu cavalo. Assim, procurou um mercador, que possuía centenas de eqüinos no seu curral.

Antes de fazer qualquer oferta, entretanto, o comerciante pediu que o seu filho, um meninote de uns doze anos, o experimentasse. O rapaz cavalgou o animal de um lado para outro, sob os olhares atentos dos dois homens: a trote, a galope, a passeio, etc. Ao retornar para onde vendedor e comprador aguardavam o resultado da avaliação, o mercador perguntou ao menino:

– E então, meu filho, que te pareceu o animal?

Este, um pouco constrangido, então disse ao pai:

– Senhor meu pai, eu antes vos preciso fazer uma pergunta: este cavalo nós estamos vendendo, ou nós estamos comprando?…

É DIFERENTE

Um camponês surpreendeu a sua filha, jovem alta e robusta, atrás de um monte de feno, aos beijos com um mirrado estudante de teologia. À aproximação do furioso pai, o estudante escapuliu, e a moça disse que tinha sido beijada à força.

– Mas, como foi – perguntou-lhe o camponês – que tu, acostumada às mais árduas tarefas, não tiveste forças para defender-te daquele raquítico?!…

– Ah, meu pai – respondeu ela. – É que eu tenho muita força quando estou brava; mas nenhuma quando estou me rindo!

CÃO PRODIGIOSO

Um padre tinha um cão a que muito estimava. Vindo o animal a morrer, o clérigo lhe fez uma espécie de túmulo no seu jardim, e convidou seus amigos para uma cerimônia, em que fez grandes elogios ao seu falecido cão. Logo houve quem o acusasse às autoridades religiosas, dizendo que ele havia cometido um pecado, ao dar tal tratamento a um cão.

Mandou-lhe chamar o arcebispo, e lhe disse:

– Com que vossa mercê ousa enterrar um animal com cerimônias de gente?

– O meu cão, Eminência, – respondeu-lhe o pároco – tinha qualidades excelentes; mas para não ser importuno a referi-las, só lhe direi uma: é que fez testamento e deixou a Vossa Eminência duzentos mil reais, que aqui trago.

– Ah! A maldade dessa gente! – exclamou o arcebispo, embolsando o dinheiro – que já iam deitar a perder um religioso exemplar como sois vós, padre!

ATÉ O REI

Conforme um decreto do rei D. José II, os cristãos-novos teriam que usar um chapéu verde, para diferenciarem-se dos cristãos antigos. Um dia o marquês de Pombal, que se opunha a esse decreto, defendendo que o sangue judeu estava mais disseminado entre os portugueses do que se imaginava, enviou à corte três chapéus verdes.

– A quem vêm destinados? – perguntou o rei.

– Um é para mim – respondeu Pombal.

– E o outro?

– Para o cardeal.

– E o terceiro?

– Ah, sim… ! O terceiro é para vossa majestade.

TODO MUNDO?

Um cardeal se queixou uma vez ante o rei de Portugal que alguns judeus não usavam o chapéu verde.

– Senhor cardeal – disse o rei -, deixemos isto de lado, porque nem vós, nem eu, nem meu chanceler, nunca o pomos.

BONS PRINCÍPIOS

– Sentimos maior prazer em dar uma coisa do que em recebê-la – dizia um preceptor a seu discípulo, para incutir-lhe sentimentos de generosidade.

– Por certo. Sobretudo, quando se trata de bofetadas – respondeu o discípulo.