Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’
SOMOS IMPORTANTES
Combinando uma baronesa com outra para irem assistir a um eclipse, disse-lhe esta que estivesse pronta cedo, pois os astrônomos previam que o eclipse seria às onze. Porém a outra respondeu:
– Calma, cheguemos às onze e meia, que não ousarão fazer o eclipse antes que tivermos chegado!…
NÃO OUÇO SEM ÓCULOS
Estava sendo encenada uma comédia em dois atos. Um sujeito que chegara atrasado, perguntou a um que lá já se encontrava, se a comédia era em prosa ou em versos.
– Não sei dizer, – respondeu o outro – não enxergo direito dessa distância
SERÁ PIOR
Aconselharam a um sujeito que havia sido várias vezes roubado na rua, e que afinal já não se atrevia a sair de casa, que trouxesse sempre um para de pistolas com ele.
– Para que, santo nome de Deus?! – exclamou ele. – Para que elas também me sejam roubadas?
ASNO APAIXONADO
É de antônio José, o Judeu, o seguinte diálogo sobre a paixão amorosa:
Diz um:
– O maior indício do amor é andar o amante triste.
– Se a tristeza fora significativo do amor, seguir-se-ia que o burro era a mais amante criatura, pois é certo que não há animal mais triste, melancólico e sorumbático que o burro;…
NO AMOR E NA GUERRA…
A espoliação a que a coroa portuguesa submetia o Brasil Colônia , fez com que, em fins de 1707 ou começo de 1708, o ódio entre brasileiros e portugueses explodisse na sanguinolenta guerra civil, chamada de “Paulistas e Emboabas.”
Os brasileiros apelidaram os portugueses de “emboabas”, que era o nome de um tipo de galinha nativa, por duas razões: 1) essas galinhas eram as aves mais medrosas que havia; 2) elas tinham as pernas todas cobertas de plumas, e os portugueses usavam botas de canos muito longos, até as coxas.
DO “JUDEU”
Antônio José da Silva, O Judeu, era brasileiro, mas mudou-se para Portugal ainda menino. Formou-se em cânones em Coimbra, e foi autor de inúmeras comédias, onde se destacam os diálogos amalucados. Na sua mais famosa peça, Guerras do Alecrim e da Mangerona, há esta famosa cena, em que o médico charlatão, Semicúpio, examina o rústico, D. Tibúrcio; assistido pela tia do paciente, D. Lancelote.
D. Tib. – Ai minha barriga, que morro! Acuda-me, senhor doutor!
Semic. – Agora vou a isso. Ora diga-me. O que lhe dói?
D. Tib. – Tenho na barriga umas dores mui finas.
Semic. – Logo as engrossaremos. E tem o ventre túmido, inchado e pululante?
D. Tib. – Alguma coisa.
Semic. – Vossa mercê é casada ou solteira?
D. Tib. – Por que, senhor doutor?
Semic. – Porque os sinais são de prenhe.
D. Lan. – Não, senhor, que meu sobrinho é macho.*
Semic. – Dianteiro ou traseiro.
D. Lan – Ui, senhor doutor. Digo que meu sobrinho é varão.**
Semic. – De aço ou de ferro?
D. Lan. – É homem, não entende?
Semic. – Ora acabe com isso. Eis aqui, como, por falta de informação, morrem os doentes. Pois se eu não especulara isso com miudeza, entendendo que era macho*, lhe aplicara uns cravos. E se fosse varão**, umas limas. (…)
D. Lan. – Eis aqui como gosto de ver os médicos. Assim especulativos.