Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’

ESTRADAS LUSITANAS

No reinado de D. Maria I projetaram-se em Portugal algumas estradas, mas em estilo único! Em vez de começar pelas estradas em si, começou-se pelos marcos ! Lindíssimos! Colunas monumentais, talhadas em fino mármore, providas de altaneiros relógios de sol! Formosos!…

Quanto às estradas, o dinheiro foi desviado… pela rainha! Os 16 milhões de cruzados foram aplicados no novo Convento da Basílica da Estrela! Os reis portugueses sempre aplicaram mais dinheiro nas estradas para o Céu do que nas terrestres… 


CORTE DE ELITE

Durante o reinado de D. Maria I (1734-1816) de Portugal- período em que mais intensa foi a espoliação do Brasil –  a corte da rainha era composta pelo que havia de pior em termos intelectuais e morais.

Sabendo do fanatismo religioso da Rainha, uma série de espertalhões supostamente piedosos, tomou conta da Corte. Muitos padres nessa época eram analfabetos – o que não deve causar espanto porque não se lia a Bíblia que, ainda por cima era escrita em latim.

Tanto assim, que um truão que servia o Arcebispo de Thessalônica, confessor da Rainha; costumava gracejar com o amo:

–  Só três tipos de pessoas tem entrada no Paço: – dizia ele –  o sábio, o santo e o bobo. O sábio sai logo desanimado; o santo vira mártir; só o bobo prospera!

O arcebispo – ele próprio bêbado e ignorante – sacudia a cabeça e ria às gargalhadas!

O QUE ELA NÃO ERA

Após a representação teatral, uma atriz de notória vida airada foi cumprimentada, em seu camarim, por um rico fazendeiro da província em visita à corte. O homem elogiou-a pela sua inspirada atuação na peça.

– Ora, – respondeu ela, em fingida modéstia – o papel exigia apenas uma jovem ingênua e pura.

– Ah, senhora! – respondeu o felicitante – vossamercê é boa prova de que isso não era necessário.

FANFARRÃO MINÉSIO

O despótico governador de Minas gerais na época colonial, Luís da Cunha Meneses, era chamado “Fanfarrão Minésio”; pelo menos é o que consta das “Cartas Chilenas”, atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga, que circularam em Vila Rica entre 1787 e 1788, onde ele é descrito da seguinte forma:

                        (…)

                        Tem pesado semblante, a cor é baça,

                        O corpo de estatura um tanto esbelta,

                        Feições compridas e olhadura feia;

                        Tem grossas sobrancelhas, testa curta,

                        Nariz direito e grande, fala pouco

                        Em rouco, baixo som de mau falsete;

                        Sem ser velho, já tem cabelo ruço,

                        E cobre este defeito e fria calva,

                        À força de polvilho que lhe deita.

                        Ainda me parece que o estou vendo

                        No gordo rocinante escarranchado,

                        As longas calças pelo umbigo atadas,

                        Amarelo colete, e sobre tudo

                        Vestida uma vermelha e justa farda.

 

                        De cada bolso da fardeta pendem

                        Listradas pontas de dois lenços brancos;

                        Na cabeça vazia se atravessa

                        Um chapéu desmarcado; nem sei como

                        Sustenta só do laço o peso.

                        Ah! tu, Catão severo, tu que estranhas

                        O rir-se um cônsul moço, que fizeras

                        Se em Chile agora entrasses e visses

                        Ser o rei dos peraltas quem o governa?