Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’
DE OURO
Numa ocasião, em Lisboa, alguns portugueses tentaram diminuir Basílio da Gma perguntando-lhe se no Brasil havia um monumento igual à estátua eqüestre de D. José, que era de bronze, ao que ele respondeu:
-Não; mas podia ter de ouro maciço, com o ouro que tem mandado para cá!
MAIS É IMPOSSÍVEL
O poeta brasileiro Basílio da Gama andava por Portugal certa vez, quando foi assaltado a caminho de Cintra. Os ladrões roubaram-lhe toda a roupa do corpo, deixando-o nu em pelo, e em seguida ordenaram-lhe “que se pusesse ao fresco” (que desse o fora).
– Já não posso por mais que isso, – retrucou o poeta – e vossas mercês ficam quentinhos e à custa da minha roupa!
FRADES DESOCUPADOS
No convento de Santo Antônio, do Maranhão, houve, no começo do século XVIII, famoso processo movido pelos religiosos contra… as formigas! A acusação eram “os roubos que as formigas faziam na despensa da comunidade, e o ato de minar e afastar a terra debaixo dos alicerces, com que ameaçavam fazer ruir o prédio”. Tudo nos conformes: com citação das formigas “em sua própria pessoa” pelo escrivão do foro eclesiástico, realização de diligências, designação de defensores e acusadores… terminando o processo em 20 de junho de 1714.
JUSTIÇA DO REINO
No Distrito Diamantino, em Minas Gerais, o intendente dos diamantes, José Meireles Freire, era apelidado o “Cabeça de Ferro” pela sua teimosia. Devia ser talvez “Cabeça de Oca” ou “Cabeça de Pau”. O português não aceitava a menor contradição; se errava, nunca reconhecia o erro!
Certa vez, tendo ordenado o despejo de certo indivíduo, acusado de ser contrabandista, na minuta que entregou ao escrivão, por engano, escreveu o nome de outro homem. O escrivão passou o mandado, mas, na ocasião da execução reclamou, mostrando o equívoco que tinha havido.
– Ah, agora deixe assim!…Execute-se esse mandado, – respondeu o Cabeça de Ferro, ao ser avisado do erro – e lavre-se outro para o verdadeiro culpado.
– Mas, o homem é inocente! – tentou argumentar o escrivão.
– Ora, que se lixe…
INDÚSTRIA DO FISCO
Quando Portugal tomou posse do Brasil, procurou logo tirar do novo domínio o máximo de rendimento, com o mínimo de dispêndio. Colonizou-o, não com o intuito de criar aqui um país com vida própria, mas para ter número maior de camaradas no eito. Firme nessas idéias, o Reino organizou um só serviço: o FISCO. Tudo mais caiu para segundo plano…
QUEM NÃO ROUBA É BOBO
Era tamanha a consciência popular das bandalheiras cometidas na Corte de D. Maria I – os desvios de verbas públicas e a malversação das imensas riquezas que vinham do Brasil – que em Lisboa o povo dizia: “Quem rouba um milhão é um barão, quem rouba um tostão um ladrão, e quem não rouba nada um grande parvalhão.”