Arquivo da Categoria ‘De 1700 a 1800’

Uma pobre velha ia com dois burricos a um mercado, quando três estudantes saudaram-na, dizendo-lhe por troça:

– Bons dias, mãe dos burros.

– Bons dias, meus filhos. – lhes respondeu ela em tom maternal.

Dois indivíduos passaram a manhã, a tarde e a noite numa taverna. Ao sair à rua, vendo grande claridade, disse um deles:

– Homem, que formosa lua!

– Companheiro, tu estás mal, – replicou o outro, rindo. – Porque isto não é lua, é sol.

– Pode ser que tenhas razão. Espere: ali vem um homem e eu vou perguntar-lhe. Diga-nos, bom homem: este resplendor é de sol ou de lua?

– Os senhores terão que me perdoar, mas como sou estrangeiro, não lhes posso tirar a dúvida.

Certo embaixador deu um baile, a que compareceu um príncipe estrangeiro. Conversando com o dono da casa, o príncipe lhe disse:

– Homem, por um balcão como este, um de meus antepassados certa vez arrojou a um embaixador.

– Ah! Já sei, – respondeu o outro – deve ter sido na época em que os embaixadores não levavam espada.

As extravagâncias que nossos antigos pregadores se permitiam em seus sermões, seriam incríveis se não estivessem confirmadas. Um deles tomou por texto de seu discurso, o dia da Assunção da Virgem Maria, com estas palavras do profeta Jeremias: “Ah! ah! ah!”

– Tais são as palavras, – exclamou em seguida – que ouviu Maria quando apareceu no Céu, adornada dos pés à cabeça com todas as virtudes e graças de que o poder Divino pode enriquecer uma alma de uma ordem sobrenatural!

O Pai Eterno lhe disse:

“Ah! Bom dia, minha filha.”

Jesus Cristo lhe disse:

“Ah! Bom dia, minha mãe.”

E o Espírito Santo lhe disse:

“Ah! Bom dia, minha esposa!”

Ah! ah! ah! serão, portanto, as três partes em que dividirei a minha prédica!

E assim o fez.

Dois homens haviam sido condenados à forca por roubo. Juntos se encontravam em um calabouço, quando lhes foram lidas as sentenças.

O escrivão leu a sentença do primeiro, onde constava que ele seria enforcado pelo roubo de um saco de pregos.

– Vejam que reles! – exclamou o segundo – dar a vida por pregos!

Ao ser lida a sua, e a chegar ao parágrafo que dizia “pena de forca pelo roubo de dez mil reais”; acariciou a barba, alisou os bigodes, e voltando-se para seu companheiro, disse-lhe com superioridade:

– Hein, que tal? Meto-me eu com pregos?

Um homem, cansado de esperar na ante-sala do palácio de um bispo, perguntou a um pajem:

– Porém, o que faz o teu senhor?

– Está com outros bispos.

– E de que tratam esses bispos juntos?

– Tratar? Tratam-se de “Vossa Excelência Reverendíssima”; parece a vosmecê pouco tratamento?