Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
NÃO É VANTAGEM
Conversa entre dois garotos na rua:
– Meu pai é mais rico do que o seu. Ele sai de coche com mamãe quase todos os dias.
– O meu não vai a lugar algum que não seja de coche!
– Deveras? Ele é muito rico?
– Não. Ele é cocheiro.
IDADE DAS MULHERES
O novo namorado da moça lhe diz:
– Filhinha, se você me disse que tem 18 anos, como é que diz que a sua mãe morreu há 20?
– É que mamãe morreu dois anos antes de eu nascer.
– ?!…
REFRESCO
No intervalo de um baile, o sujeito diz para a megera horrorosa com acabara de dançar uma peça:
– V. Exª não toma nada?
– Não, cavalheiro, muito agradecida.
– Nem um pequeno cálice de sublimado corrosivo?
O SR. PAPAGAIO
O velho “Café Papagaio” (café, restaurante, bar e tabacaria), aconchegante e simples, era o ponto de encontro da boêmia intelectual do Rio de Janeiro. Marques, lusitano gordo e com imensa bigodeira a “guidão de bicicleta”, óculos de cordão e ar sisudo, é o proprietário.
Certa noite, uns estudantes, que freqüentavam o “Papagaio” pela primeira vez, vêem-se sem dinheiro para pagar a despesa. Consultam então um dos ocupantes da mesa ao lado, que demonstrava intimidade com a casa. E logo quem? Paula Nei!…
Nei prontamente os aconselha, na maior seriedade:
– Estão vendo aquele cidadão no balcão, lá ao fundo? Pois é o Sr. Papagaio, o proprietário; falem com ele que tudo se arranja.
Um dos estudantes então se dirige a Marques e fala, respeitoso:
– Sr. Papagaio, desculpe… Sabe o que é, Sr. Papagaio…
Marques o olha curioso, de cenho franzido…
– Como o Sr. Papagaio talvez saiba, nós somos estudantes…
Conta o que consumiram, da surpresa de se encontrarem sem um centavo. Marques, cada vez mais amarrava a cara, já se irritava com tanto Papagaio, que ele não sabia se era dito por ignorância ou por troça. Afinal, não se conteve mais: vermelho de fúria, explodiu dando tremendo murro no balcão:
– Irra, que eu não me chamo Papagaio! Deixem-me de pagar o raio da despesa, e vão para o diabo! Mas não me troquem o nome! Tudo menos isso! Chamo-me Marques, como meu pai, como meu avô… Não tenho aves na família!…
LÁ É OUTRO
Um janota, natural de São Paulo, conhecido pela sua impavidez, e ainda mais pela sua ignorância crassa, presumia saber tudo. Achando-se um dia em Porto Alegre, e olhando para o Guaíba, perguntou a certo indivíduo que estava a seu lado, como se chamava aquele rio.
– É o Guaíba – respondeu o outro admirado da pergunta.
– Ora veja vossa senhoria portanto como as coisas são, – acrescentou o janota muito admirado – lá na minha terra chama-se a isto Tietê.
MODA FUGAZ
Mandando uma senhora, muito dada às modas, buscar pelo seu criado um chapéu à sua modista, este desempenhou o encargo, e voltando com o chapéu na caixa, um seu patrício convidou-o beber um quartilho de vinho.
– Não, amigo, – replicou o criado – não posso, que levo aqui para minha ama um chapéu a toda a pressa, e tenho medo, se me demoro, que quando chegue a casa já a moda tenha passado.