Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
NÃO ERA PRECISO
Certo conselheiro, ouvindo pela primeira vez o verbo transformar, achou-o tão bonito, que resolveu empregá-lo na primeira ocasião que lhe aparecesse.
Um dia, querendo dizer a uma senhora conhecida que ia montar na sua besta para ir ao conselho municipal, assim exprimiu-se, cônscio de sua erudição:
– Logo que a hora chegar, transformo-me na minha besta, e vou deliberar.
VINGANÇA!
Um peralvilho, profundamente sentido por não ter sido convidado para certa soirée, jurou vingar-se:
– Vão ver só! Vou dar um baile e não convidarei a ninguém!…
SÓ ASSIM
Um indivíduo, abrindo um armazém de secos e molhados, resolveu adotar por emblema da casa um enorme pato que devia figurar em uma tabuleta por cima de pomposo letreiro. O pintor encarregado de realizar a idéia, em vez do pato que lhe foi pedido, contornou na tela um monstro que nenhum naturalista tinha ainda classificado.
Desgostoso, o dono do estabelecimento aceitou a tabuleta, mandando pôr por baixo a seguinte inscrição: “Isto é pato.”
CARRUAGEM NÃO
Numa estação de estrada de ferro, uma avantajada matrona, vestida de preto dos pés à cabeça, chega bufando esbaforida e diz a um carregador de malas:
– Ouça lá, vocemessê era capaz de chamar-me uma carruagem?
O carregador:
– Propriamente uma carruagem, não a chamarei. A senhora faz-me lembrar antes uma locomotiva…
MAGNÍFICO
Um crítico de arte examina os quadros numa exposição. E diante de uma tela que representa um canto de quintal, com um vistoso peru, extasia-se e toma notas em seu bloquinho de apontamentos. Diz ele:
– Que maravilha!
– O senhor preciou tanto assim a pintura? – pergunta-lhe um visitante.
– Não, não… É um peru!… Que belo palpite para o jogo do bicho!
EXIGÊNCIA POPULAR
Um mendigo aleijado e molambento, em muletas, aproxima-se de uma dama e pede-lhe:
– Uma esmola a um pobre aleijado!
– Como, aleijado? O senhor ainda ontem dizia que era cego…
– Que quer V. Ex.a ? O povo quer é variedade.