Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’

VÍCIO DO JOGO

Aluísio Azevedo tinha uma cadeira desmantelada em casa, que ele afirmava funcionar como uma advertência contra o vício da jogatina.

Disse ele a Coelho neto:

– É edificante exemplo dos funestos resultados do vício. Joga tanto que até perdeu os fundos!

TROTE GENIAL

Um homem abastado querendo fazer à sua mulher uma mangação de primeiro de abril, empreendera uma viagem à Buenos Aires, fazendo correr o boato que o navio se submergiu com todo o bicho vivo durante a viagem.

Viúva rica, casada fica. Na volta, achou sua mulher de luto aliviado tratando de segundas núpcias.

TALENTO

Um dia o empresário de teatro José Ricardo, foi abordado por um pai, que lhe pediu que aceitasse o seu filho como ator nas suas peças.

– O rapaz já representou alguma vez? – indagou José Ricardo.

– Não, ainda não… mas…

– Tem habilidade para a cena?

– Homem, ele esteve aí numa oficina de marceneiro, e não deu nada que prestasse… um grande malandro! Depois o meti numa loja de fazendas, e nada… grande patife! Esteve também numa loja de ferragens, e foi ainda pior… grande besta! Como ele não prestou para mais nada… talvez chegasse a ator…

SÓ DIVERSÃO

A mocinha pergunta à sua progenitora:

– Mamãe, vamos ao enterro da viscondessa?

– Não, de modo algum! Não faltava mais nada! Domingo, nas touradas; segunda-feira, chá na casa da madrinha; terça feira, passeio ao Pão de Açúcar; quarta-feira, teatro! E ainda queres ir ao enterro?  Oh! Mas não pensas senão em divertimento?!

CULTURA TEATRAL

Um sujeito, tendo retornado de Portugal recentemente, contava coisas prodigiosas do teatro de São Carlos, em Lisboa. Como lhe perguntasse uma senhorita que tal achara o verso italiano, acudiu prontamente dizendo:

– Por muitas vezes vi representar a esse sujeito, e é dos melhores cômicos daquele teatro.

VÁ PARA O DIABO!

Em Fortaleza, um devoto prometera acompanhar, de joelhos, a procissão de encerramento das festas de S. Francisco. Cumpria a promessa e, mais do que isto, dizia ainda, em voz alta, repetidas vezes, em todos os quarteirões do trajeto.

 – Senhor, eu pequei!… Senhor, eu pequei!

O político João Facundo de Castro Menezes estava em sua casa entregue ao estudo de certos documentos importantes, com os postigos fechados, quando ouviu aquela voz cavernosa berrar de sua calçada, por mais de uma vez, a citada confissão.

Irritado por não poder concentrar-se na leitura, João Facundo abriu a janela e gritou para o crente:

– Olhe meu amigo: faça a gentileza de ir pecar mais adiante!…