Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’

ATÉ ENTENDER

Um estudante em apuros, depois de mil cartas explicativas e ineficazes, escreveu o seguinte:

“Querido pai: dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro”.

O padre lhe respondeu:

“Querido filho: não mando, não mando, não mando, não mando”.

À BASE DE PÃO

Contava um roceiro que havia apostado comer um leitão inteiro sozinho, e havia ganhado a aposta.

– E como vosmecê conseguiu engolir tanta carne? – perguntaram-lhe.

– Não foi fácil! – disse ele.  – Foi preciso muito pão!

FALSIDADE IDEOLÓGICA

Um advogado ao entrar no salão das audiências viu uma grande correria e perguntou o que estava havendo.

– Um trapaceiro que acabam de capturar aqui mesmo – lhe responderam.

– Prenderam-no? Melhor, – respondeu ele. – Que sirva de exemplo para o patife que se atreva a vir aqui trapacear… sem toga.

CONVERSA DE DOIDO

– Ontem fui dormir à uma da madrugada, e me levantei ás duas.

– Pouco terás dormido então.

– O mesmo que sempre; apenas dormi mais depressa.

EXPERIÊNCIA PRÓPRIA

Um miliciano da província dirige-se ao seu sargento e lhe diz:

– Com sua licença, meu superior: é verdade que lá na Corte uma refeição de taverna custa uma fortuna, e uma xícara de chocolate os olhos da cara?

– É a pura.

– E, se não for desrespeito perguntar-lhe: alguma vez o senhor tomou um chocolate desses?

– Aproximadamente.

– Não entendo.

– Vou dizer: o furriel, que por chamado de Deus morreu, era meu compadre, e ele tinha um irmão, ainda que filho da primeira mulher do seu pai; o qual estando de ordenança de um capitão no Rio de Janeiro; o capitão tomava todos os domingos um desses chocolates; e uma vez o furriel me contou.

SILÊNCIO ENLOUQUECEDOR

Um jornal espanhol do século XIX relata que do Rio de Janeiro partiu com destino a Havre o navio O Silêncio, levando uma carga de dez mil papagaios que falavam todos ao mesmo tempo, sem parar. A tripulação quase enlouqueceu, e, no final da viagem, o capitão comentou:

– Agora entendo quando dizem que às vezes o silêncio atordoa!