Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’

OBRA PRIMA

Madame X…. possuía um belíssimo retrato de mulher, de Murillo; e esta senhora decidiu que seria muito melhor utilizada a rica moldura, substituindo a preciosa tela por um espelho.

Como a criticassem pelo pouco caso que dera àquela obra-prima, respondeu:

– Ah! O que você quer? Pois se eu não conheço a pessoa?

A BALA

Foi por ocasião da batalha de Curupaiti.

Um pobre soldado, ferido na coxa, está nas mãos dos cirurgiões que o carneiam por longo tempo sem resultado.

– Mas o que estão fazendo? – grita o infeliz soldado.

– Meu amigo, nós procuramos a bala que o atingiu, para extraí-la.

– Deviam ter me dito logo; a bala está no bolso do meu jaleco.

NÃO É BEM ASSIM

Dois deputados desentendem-se na Câmara.

– Vossa Excelência desempenha mal o vosso mandato. – diz o primeiro.

– Melhor do que Vossa Excelência. – responde o outro.

– Vossa Excelência não abriu jamais a boca, durante os debates parlamentares.

– Tenho aberto sim, para bocejar toda vez que Vossa Excelência discursa.

PRIMÁRIO

Um cocheiro, que estava sendo julgado pelo assassinato de sua mulher e de sua madrasta, senta-se no banco dos réus. O defensor abstivera-se de implorar pelas circunstâncias atenuantes. A culpabilidade era clara, evidente, palpável.

– Acusado, – disse o presidente do júri – tendes alguma coisa a acrescentar em vossa defesa?

– Uma só frase, meus bons juízes; levem em consideração que eu já tenho mais de cinqüenta anos, e é a primeira vez que isso me acontece.

SABE-SE LÁ

Uma das mais belas atrizes do Rio declarou uma guerra brutal aos charutos e aos fumantes.

Um dia desses um jornalista fumava na sua frente.

– Como podes fumar desta maneira, – disse ela – não percebes que estás destruindo o teu organismo?

– Oh! Não – replicou ele – o meu pai fuma todos os dias, e está com setenta anos.

– Sim, mas se ele não fumasse, sabe-se lá se já não estaria com oitenta!…

BARBEIROS

Um músico, convidado para um serão musical, se apercebeu em lá chegando que tinha esquecido a partitura do Barbeiro de Sevilha, de que ele ia necessitar.

Ele mandou um mensageiro levar um bilhete ao seu criado, nestes termos: “Envie-me o barbeiro sem demora.”

Passa-se uma meia-hora.

O porteiro vem prevenir o músico de que alguém deseja falar-lhe. Ele deixa o salão e dá de cara com um desconhecido.

– É com o Sr. X… que eu tenho a honra de falar?

– Ele mesmo.

– Eu venho da parte do seu criado, que me disse para vir o quanto antes… Eu sou o barbeiro… É para a barba ou para o cabelo?