Arquivo da Categoria ‘De 1900 a 1950’
PROGNÓSTICO
No quarto onde repousa a mulher doente em seu leito, o marido pergunta ao médico, que após tê-la examinado, escreve a receita:
– Doutor, ela fica boa?
– Se não morrer.
REMÉDIO
Aquele marido dedicado foi procurar um famoso pintor, e pediu-lhe:
– Queria que o senhor pintasse a minha esposa que está muito doente.
– Eu só pinto naturezas mortas.
– Bem. Esperemos mais uns dias…
CAUSA E EFEITO
Na Câmara Federal, no Rio de Janeiro, o presidente acabara de dar a palavra ao deputado Carlos Lacerda, quando outro deputado, Bocaiúva Cunha, tomou o microfone e gritou:
– Aí vem o purgante!
Houve risadas. Mas, Lacerda, demonstrando enorme presença de espírito, imediatamente retrucou, provocando gargalhadas no plenário:
– Os senhores acabam de ouvir o efeito!
RAZÃO ÓBVIA
Antônio Alves Pereira, era um capitão de navio português, que comandava navios a vela entre o porto de Fortaleza e o de Lisboa. Tinha ele uma curiosidade que intrigava os seus contemporâneos: assinava o seu primeiro nome, nos conhecimentos de embarque, ora grafado Anttonio, ora Anttonio, e ora mesmo Anttttonio, – com dois tt, com três ttt e com quatro tttt.
Um dia, um curioso interpelou-o. O sr. Antônio olhou o abelhudo, e explicou:
– Esses tt dependem da mastreação do navio. Se o navio tem dois mastros, assino o meu nome com dois tt; se tem três, assino com três ttt; se tem quatro, com quatro tttt. Compreendeu?
EM RETRIBUIÇÃO
Epitácio Pessoa, em visita aos Estados Unidos, acompanhado do Sr. Daniels, representando o governo americano, foi conhecer o túmulo de George Washington. Foi tomado por tão profunda emoção, e tão sincera, que empalideceu, ficou trêmulo, lágrimas vieram-lhe aos olhos.
Foi com dificuldade que conseguiu dizer, dando um abraço afetuoso no Sr. Daniels:
– Grande perda!… Grande perda para o Brasil!… Sinto tanto!
Humberto de Campos sugere que o americano, hábil diplomata, teria derramado uma lágrima comprida, e dito:
– Retribuindo, gostaria de expressar meus pêsames pela morte de Mem de Sá…
O CRIADO
Um moço do Rio de Janeiro tinha ido até Barbacena com uma carta para o senador Bias Fortes, e dirigiu-se à residência daquele ilustre político. À porta da chácara viu um caboclo pequenino, moreno, feio, de calças arregaçadas e escova na mão, que lavava um cavalo. Certamente um dos empregados da casa.
– É aqui que mora o senador Bias Fortes? – perguntou o moço, com importância.
– É, sim, senhor! – respondeu o caboclo.
– Ele está em casa? – indagou.
– Está, sim, senhor!
– Pois vá então dizer-lhe, que há aqui uma pessoa do Rio, que lhe traz uma carta.
O caboclo então pediu:
– Me dê a carta, que Bias Fortes sou eu mesmo!