Arquivo da Categoria ‘De 1900 a 1950’
CALOTEIRO
Um caloteiro recalcitrante é procurado por um credor.
– Como a sua continha está um pouco atrasada, venho pedir-lhe algum dinheiro por conta, tanto mais que amanhã vence-me uma letra e estou sem recursos.
– Essa é boa! – responde o caloteiro. – Então, você faz dívidas e eu é que hei de ajudá-lo a pagá-las?
ESPOSA EMPALHADA?
A mulher está furiosa e acusa o marido de lhe dar pouca atenção, de só saber ser delicado para os outros:
– Sabes? Tu chegas ao desaforo de preferires os animais à minha pessoa. Ainda, há dias, quando morreu o papagaio, gastaste um dinheirão para o empalhar!
– Sê razoável…
– Aposto que não eras capaz de fazer o mesmo por mim!
PRECAUÇÃO
A patroa entra na cozinha de repente, e leva um susto. Diz para a empregada:
– Que é isto, Joaquina, um bombeiro na cozinha?
– A senhora tem tanto medo dos incêndios… tomei as minhas precauções.
POBRE INOCENTE
Altas horas da noite, a senhora Cunegundes ouve abrir a porta e como seu marido é useiro e vezeiro nas noitadas, arma-se de pau de vassoura e atira-se com denodo contra o noctívago:
– Canalha! Isso são horas de vir para casa? Toma, toma, patife. – E descarrega-lhe paulada sobre paulada.
– Piedade! – bradou aflito o agredido – olhe que eu não sou seu marido, sou um simples ladrão.
SUJEITO DE SORTE
Depois de ter sido realizada uma junta médica, o médico particular entra no quarto do paciente, a quem diz:
– Felicito-o sinceramente.
– Então sempre escapo?
– Talvez não; depois de uma conferência descobrimos que o seu caso é fatal, mas inteiramente novo, e resolvemos dar o seu nome à doença, se o diagnóstico for confirmado pela autópsia.
CONFORME O REFRÃO
Dia de faxina. A mulher de meia-idade entra na sala, e dá com o marido dormindo refestelado numa poltrona (o espanar no colo, e a vassoura entre as pernas), e acorda-o, irritada:
– Domingos! Domingos! Oh, Domingos! Você está surdo? A dormir como um “lord” e o serviço parado?
O homem, acordando, a bocejar:
– Os Domingos foram feitos para descanso…