Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
FOGUETE
Tinha um sujeito por criado um galego lorpa e dos mais moles. Mandando-o um dia fazer recado com toda a pressa, chegou à janela para ver como desempenhava a ordem: ia o bruto com o seu passinho miúdo.
– Ô maroto, tu não tens outro passo?
– Ai, tenho sim senhor, mas o outro ainda é mais curto.
INGRATIDÃO
Queixava-se um indivíduo de não ser atendida pelo governo uma sua pretensão, e exclamava:
– Desatender assim o filho de quem tanto sangue derramou a serviço do Rei!!!
– Então seu pai foi militar?
– Nada, não senhor, foi cavalariço e sangrou muito cavalo da casa real.
CORRUPÇÃO RECOMPENSADA
Quem caia nas graças de D. João VI tinha tudo! Ainda que todo mundo soubesse que tivessem enriquecido ilicitamente na função pública, muitos receberam títulos nobiliárquicos. Para escândalo de sociedade carioca, que reagia espalhando cartazes (chamados “pasquins”) com quadrinhas como esta:
Quem furta pouco é ladrão
Quem furta muito é barão
Quem mais furta e esconde
Passa de barão a visconde.
GATUNICE REVELADA
Hipólito José da Costa, o célebre criador do “Correio Brasiliense”, em 1821 mandou imprimir em Londres, às suas expensas, uma edição da “A Arte de Furtar”. A dedicatória está na folha de rosto, sob o título, e reza assim: “De novo reimpressa, e oferecida ao Ilmo. Snr. F. B. M. Targini, ex-tesoureiro mor do Erário do Rio de Janeiro”. Logo abaixo figura, num medalhão circundado por uma corda armada em forca, o retrato de Targini, com esta legenda ao pé:
Qual pirata ínico
Dos trabalhos alheios feito rico.
Foi inútil a tentativa desesperada de Targini, de adquirir a destruir todos os exemplares existentes…
AMIGOS DO REI
Joaquim dos Santos Marrocos, bibliotecário real, refere-se a dois altos funcionários do governo, muito chegados a D. João VI, notórios pela escandalosa roubalheira que praticavam – Joaquim José de Azevedo e Targini -, e cita os dizeres de alguns cartazes que os cariocas tinham espalhado pela cidade:
Furta Azevedo no Paço
Targini rouba no Erário
E o povo aflito carrega
Pesada cruz ao Calvário.
***
B.L. no Calvário
Bom ladrão;
L.B. no Erário
Ladrão bruto;
Pois que faz?
Furta ao público.
FUNCIONALISMO PÚBLICO
Joaquim dos Santos Marrocos, para descrever a improdutividade e a pasmaceira da burocracia oficial no tempo de D. João XVI, naquilo que hoje chamaríamos “empurrar com a barriga”, cita o versinho:
Com arte e com engano
Se passa meio ano;
Com engano e arte
Se passa a outra parte.