Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
PARENTES ILUSTRES
Dois cortesãos iam um dia passeando juntos pelo campo, quando avistaram um lavrador que batia desapiedadamente em seu asno. Movidos pela compaixão por aquela pobre besta, disseram ao lavrador:
– Amigo, por que castigais tanto este infeliz animal?
O camponês então, tirando o chapéu, e fazendo uma profunda reverência para o seu burro, disse-lhe:
– Perdoai-me, senhor asno; que eu não sabia que tivésseis parentes na Corte.
O TROCO
O Vice-Rei de Nápoles ouvira dizer que havia na cidade um cirurgião engraçadíssimo, e mandou chamá-lo com o pretexto de que o barbeasse. Veio o barbeiro, e enquanto o barbeou, manteve-se muito sério e em silêncio. Em vista do que o Vice-Rei pensou que o haviam enganado, e que aquele homem era um estúpido. Despediu-o e, com desprezo, deu-lhe uma mísera moeda de um oitavo. O barbeiro recebeu a moedinha com o maior respeito, e tendo-a mirado e remirado, perguntou ao Vice-Rei:
– Senhor Excelentíssimo, quanto tenho que dar de troco a Vossa Excelência?
Com esta, o Vice-Rei caiu na gargalhada, e o pagou liberalmente.
SENDO ASSIM
Um desertor a quem iam enforcar, estando já na escada da forca, deu ao confessor uma jóia de prata. O verdugo, irritado de que não a fora dada a ele, disse ao confessor:
– Enforque-o vós, meu padre!
E AÍ?
Entrando um sábio em uma das aulas da Universidade de Coimbra, ouviu que dizia o lente:
– Vede aqui, um tópico que há mais de quatrocentos anos se disputa.
E o sábio lhe perguntou:
– E o que foi decidido?
IGNORANTE
Visitava um embaixador estrangeiro a biblioteca do Paço da Ajuda, e constatou que o bibliotecário era um ignorante. Falou depois com El Rei da magnificência do edifício, e disse à Sua Majestade que o encarregado da imensa biblioteca era um homem singularíssimo, tanto que, poderia ser um grande Ministro da Fazenda.
– Pois, por quê? – perguntou o rei.
– Senhor, – respondeu o embaixador – jamais se tiraria proveito próprio de vossas rendas, assim como nada aproveitou dos livros de Vossa biblioteca.
GOTA
– Que fazeis? – disse a um gotoso que estava comendo presunto, um amigo seu. – Não vedes que o presunto é mau para a gota?
– Assim é – respondeu o doente – mas é bom para o gostoso.