Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
PEDIU, LEVOU
O poeta Bocage estava uma noite a jogar xadrez no café Nicola. O seu parceiro era um funcionário da Fazenda aposentado, chamado Queiróz; gênio birrento, com quem poucos ainda queriam jogar. Bocage era um dos que, com paciência o iam aturando. Queiróz por qualquer coisa chamava os outros de “burro”.
A certa altura do jogo começa discussão azeda.
-Você sabe, -diz Queiroz para terminar – a distância que vai dum burro a um homem?
-Sei: é a que há entre esta mesa, desde o senhor a mim!
AGORA MENOS
Visitando um camponês a um Ministro do tribunal, que era seu amigo, no tempo em que foi juiz de fora na sua terra; este depois de recebê-lo com bondade, lhe disse para puxar conversa:
– Há ainda muitos tolos em vossa terra?
– Sempre os há, Senhor, mas não tantos como quando vossa mercê lá estava.
ENDEREÇO TROCADO
José Sousa, poeta menor do século XVIII, vendo um ladrão tentar escalar-lhe o quarto, tranquilamente lhe disse:
– O meu amigo se engana; não é aqui; o banqueiro é o meu vizinho ao lado; lá você achará o que quer.
O QUE SERÁ QUE VOS ESPERA?
Sentando-se um truão na cadeira de um rei tirano, os guardas lhe deram tantas pancadas que o fizeram gritar, a que acudiu o Soberano. E sabendo do caso, o rei se pôs a rir, e o pretendeu consolar.
– Não é sobre mim, Senhor, que me lamento, – disse o bobo – mas por vós é que eu devo me preocupar!
– Por mim?! – estranhou o rei.
– Sim, por vós! Porque se eu – que só ocupei vosso Trono por segundos – recebi tantas pancadas; o que não será que vos ameaça, depois de o teres ocupado toda a vida?!
VALORIZAÇÃO INSTANTÂNEA
Durante o cerco a uma cidade, um aguadeiro percorria as ruas da praça sitiada, com dois enormes cântaros de água, que oferecia bradando:
– A seis quartos o cântaro, a seis quartos…
Neste momento um casco de granada arrebentou uma de suas botijas. O homem deu-lhe uma olhada e, sem se abalar, seguiu oferecendo:
– A doze, a doze quartos o cântaro…
NA MESMA ÉPOCA
Certo bispo, que viajava em carruagem, encontrou um capuchinho a cavalo. Chamou o religioso, e perguntou-lhe com sorriso maligno:
– Não me direis quando começou São Francisco a andar a cavalo?
E o capuchinho lhe respondeu:
– Na mesma ocasião em que São Pedro comprou carruagem.