Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

CAUTELA

Um rapazola, cuja mãe tinha fama de ser promíscua e levar vida desonesta, atirava pedrinhas nuns gentis-homens que se aqueciam ao sol por ser dia de inverno, o que levou um deles a dizer:

– Pare com isso, rapaz, que por acaso poderás acertar no teu pai.

CAUSA MORTIS

Um homem que sofria de certo mal, era tratado por dois médicos charlatães, sem apresentar nenhuma melhora. Passadas algumas semanas, o doente veio a falecer.

O vigário da igreja onde o corpo foi encomendado assentou nos registros paroquiais: “Causa mortis: dois médicos.”

PROVIDÊNCIA NECESSÁRIA

Um cura de aldeia começou a pregar as três de tarde, e estava próximo o fim do dia, e ainda não havia chegado à saudação. Cansado de tanta prodigalidade, um dos ouvintes foi deslizando pouco a pouco em direção da porta da igreja. Isso observou o cura, e levantando a voz disse:

 – Aonde vai esse mau cristão?

Padre cura, respondeu o homem com muita humildade, vou dizer à minha mulher que envie a minha cama para a igreja.

AO PÉ DA LETRA

Um requerente não cessava de importunar o ministro da marinha, Francisco Xavier de Mendonça. Certo dia o ministro, impacientado rompeu nestes brados:

– Que queres tu que eu faça? A decisão depende de El-rei. Ele não te despacha. Vai dar-lhe com um pau.

O requerente seguiu o alvitre do ministro. Pegou de um cacete; e ao recolher-se El-rei D. José da coutada de Vila Viçosa para o palácio, lhe atirou uma paulada que roçando pelas costas do monarca, se foi descarregar na anca do cavalo. Só não foi morto porque desconfiaram que era louco. Era.

OUTRA HORA

No século XVIII foi muito popular no Porto um ator cômico, conhecido pelo nome de Manoel Esteieiro. Estando ele à uma janela, os seus gracejos desgostaram um transeunte, que, talvez sem o conhecer, o desafiou da rua para brigar.

– Hum! – disse o cômico depois de refletir um pouco – agora não pode ser que estou sem raiva…

APRENDER A NADAR

El-rei D. José um dia travou discussão com o velho marquês de Ponte de Lima, acerca do poder que o rei tinha sobre os seus vassalos, sustentando o rei que esse poder era ilimitado, opondo o marquês uma negativa formal fundada em várias razões a que o monarca não sabia o que replicar.

A discussão foi azedando e, a certa altura, D. José, querendo exemplificar a sua tese, disse muito irritado para o marquês:

– Se eu lhe ordenasse que fosse atirar-se ao mar, o marquês deveria cumprir imediatamente, e sem a mais leve hesitação a minha ordem.

Com grande espanto dos fidalgos que assistiam à contenda, o marquês, em vez de replicar, dirigiu-se bruscamente para a porta do salão.

O rei, não menos admirado que os seus cortesãos, perguntou-lhe surpreendido:

– Aonde vai?

– Aprender a nadar, meu senhor.

Uma estrepitosa gargalhada sublinhou a espirituosa resposta, e o rei deu a discussão por terminada.