Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
DEDUÇÃO LÓGICA
Um rapaz era pajem na casa de um fidalgo muito rico, mas muito sovina. Ali os criados levavam uma vida miserável, dormindo sobre no chão, e quase não tendo o que comer.
Um dia o tal pajem saiu para comprar um molho de rábanos, que seria o único almoço de todos naquele dia, e encontrou uma procissão de religiosos, que conduziam um defunto para o cemitério. Atrás do morto, seguia a viúva chorando e se lamentando. O rapaz perguntou a um dos acompanhantes do cortejo, para onde levavam o falecido, e quando este lhe explicou, correu como um raio para a casa do amo. Mal lá chegando, trancou todas as portas e as janelas, e disse espavorido ao seu senhor:
– Senhor, senhor! Cuidado que nos trazem cá um defunto!
– Tu deves estar doido! – respondeu o amo – Acaso a minha casa é igreja?
– Bem sei que não, – retrucou o pajem – mas suspeito que venham cá enterrar aquele finado. Pois a gente que o traz vem dizendo que o levam à casa onde não se come, nem se bebe, nem há cama mais que a terra fria; e como aqui ninguém come, nem bebe, nem tem cama…
E AGORA?
Um médico vigarista vinha tratando ha anos de certo cavalheiro, que tinha um espinho no pé, mas que o médico tinha convencido de que era um abscesso.
Tendo que viajar um dia o tal médico, deixou seu filho encarregado de continuar os curativos no tal “abscesso”. Mas o filho, no primeiro tratamento, viu que se tratava de um espinho e o arrancou. Cessaram logo as dores, e o doente sarou em poucas horas.
Quando o pai voltou, o filho veio todo alegre contar-lhe o sucedido, esperando receber elogios. Para sua surpresa disse-lhe, porém, o pai, enfurecido:
– Ah, grande besta! Não vias tu, idiota, que enquanto o paciente sentia dores, continuavam as visitas e os pagamentos? Secaste o leite da cabra que ha tantos anos eu ordenhava!
DE OURO
Numa ocasião, em Lisboa, alguns portugueses tentaram diminuir Basílio da Gma perguntando-lhe se no Brasil havia um monumento igual à estátua eqüestre de D. José, que era de bronze, ao que ele respondeu:
-Não; mas podia ter de ouro maciço, com o ouro que tem mandado para cá!
MAIS É IMPOSSÍVEL
O poeta brasileiro Basílio da Gama andava por Portugal certa vez, quando foi assaltado a caminho de Cintra. Os ladrões roubaram-lhe toda a roupa do corpo, deixando-o nu em pelo, e em seguida ordenaram-lhe “que se pusesse ao fresco” (que desse o fora).
– Já não posso por mais que isso, – retrucou o poeta – e vossas mercês ficam quentinhos e à custa da minha roupa!
FRADES DESOCUPADOS
No convento de Santo Antônio, do Maranhão, houve, no começo do século XVIII, famoso processo movido pelos religiosos contra… as formigas! A acusação eram “os roubos que as formigas faziam na despensa da comunidade, e o ato de minar e afastar a terra debaixo dos alicerces, com que ameaçavam fazer ruir o prédio”. Tudo nos conformes: com citação das formigas “em sua própria pessoa” pelo escrivão do foro eclesiástico, realização de diligências, designação de defensores e acusadores… terminando o processo em 20 de junho de 1714.
JUSTIÇA DO REINO
No Distrito Diamantino, em Minas Gerais, o intendente dos diamantes, José Meireles Freire, era apelidado o “Cabeça de Ferro” pela sua teimosia. Devia ser talvez “Cabeça de Oca” ou “Cabeça de Pau”. O português não aceitava a menor contradição; se errava, nunca reconhecia o erro!
Certa vez, tendo ordenado o despejo de certo indivíduo, acusado de ser contrabandista, na minuta que entregou ao escrivão, por engano, escreveu o nome de outro homem. O escrivão passou o mandado, mas, na ocasião da execução reclamou, mostrando o equívoco que tinha havido.
– Ah, agora deixe assim!…Execute-se esse mandado, – respondeu o Cabeça de Ferro, ao ser avisado do erro – e lavre-se outro para o verdadeiro culpado.
– Mas, o homem é inocente! – tentou argumentar o escrivão.
– Ora, que se lixe…