Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

PURA VERDADE

Certa dama mandou vir à sua presença um famoso astrólogo, e interrogou-o acerca de coisas que desejava saber. O mago consultou os astros e traçou logo várias figuras, a cujo respeito raciocinou. A senhora achou-o lamentável e deu-lhe um real.

– Vejo, – disse ele – pelas minhas leituras astrológicas, que não sois rica.

– Confirmo-o.

– Mas, senhora, as figuras mostram ainda que tendes tido prejuízos.

– De fato; o último foi o real que acabo de vos dar…

REMÉDIO

Aquele marido dedicado foi procurar um famoso pintor, e pediu-lhe:

– Queria que o senhor pintasse a minha esposa que está muito doente.

– Eu só pinto naturezas mortas.

– Bem. Esperemos mais uns dias…

CAUSA E EFEITO

Na Câmara Federal, no Rio de Janeiro, o presidente acabara de dar a palavra ao deputado Carlos Lacerda, quando outro deputado, Bocaiúva Cunha, tomou o microfone e gritou:

– Aí vem o purgante!

Houve risadas. Mas, Lacerda, demonstrando enorme presença de espírito, imediatamente retrucou, provocando gargalhadas no plenário:

– Os senhores acabam de ouvir o efeito!

RAZÃO ÓBVIA

Antônio Alves Pereira, era um capitão de navio português, que comandava navios a vela entre o porto de Fortaleza e o de Lisboa. Tinha ele uma curiosidade que intrigava os seus contemporâneos: assinava o seu primeiro nome, nos conhecimentos de embarque, ora grafado Anttonio, ora Anttonio, e ora mesmo Anttttonio, – com dois tt, com três ttt e com quatro tttt.

Um dia, um curioso interpelou-o. O sr. Antônio olhou o abelhudo, e explicou:

– Esses tt dependem da mastreação do navio. Se o navio tem dois mastros, assino o meu nome com dois tt; se tem três, assino com três ttt; se tem quatro, com quatro tttt. Compreendeu?

EM RETRIBUIÇÃO

Epitácio Pessoa, em visita aos Estados Unidos, acompanhado do Sr. Daniels, representando o governo americano, foi conhecer o túmulo de George Washington. Foi tomado por tão profunda emoção, e tão sincera, que empalideceu, ficou trêmulo, lágrimas vieram-lhe aos olhos.

Foi com dificuldade que conseguiu dizer, dando um abraço afetuoso no Sr. Daniels:

– Grande perda!… Grande perda para o Brasil!… Sinto tanto!

Humberto de Campos sugere que o americano, hábil diplomata, teria derramado uma lágrima comprida, e dito:

– Retribuindo, gostaria de expressar meus pêsames pela morte de Mem de Sá…

O CRIADO

Um moço do Rio de Janeiro tinha ido até Barbacena com uma carta para o senador Bias Fortes, e dirigiu-se à residência daquele ilustre político. À porta da chácara viu um caboclo pequenino, moreno, feio, de calças arregaçadas e escova na mão, que lavava um cavalo. Certamente um dos empregados da casa.

– É aqui que mora o senador Bias Fortes? – perguntou o moço, com importância.

– É, sim, senhor! – respondeu o caboclo.

– Ele está em casa? – indagou.

– Está, sim, senhor!

– Pois vá então dizer-lhe, que há aqui uma pessoa do Rio, que lhe traz uma carta.

O caboclo então pediu:

– Me dê a carta, que Bias Fortes sou eu mesmo!