Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’
PARA CONTROLAR OS NERVOS
O boêmio Raul Braga, que era um ébrio inveterado, foi levado pelos amigos para ver num museu de cera os efeitos da bebida sobre as vísceras de um alcoólatra.
Ao sair do museu, transpirando muito, confessou-se profundamente impressionado com o que vira. E disse aos outros:
– Precisamos desmanchar depressa esta impressão com uma cachacinha enérgica!
COMO UMA ESPADA
Ao tempo da Campanha Abolicionista, coube a Luís Murat proferir uma conferência a favor dos escravos, no Teatro São Luís, no Rio de Janeiro.
Murat, habitualmente prolixo, arrastou-se por mais de uma hora em tom monótono. A platéia, ainda que simpática à causa, já não agüentava mais. Uns bufavam, outros se mexiam impacientes nas cadeiras, alguns batiam palmas fora de hora, e outros ainda resolveram ir embora.
O palestrante, porém, não se dava por achado. Até que, de repente, ouvem-se gritos de protesto partindo das torrinhas:
– Não é verdade!… Não é verdade!… Isso não é verdade!…
Todos os olhares da platéia voltaram-se para lá. E um senhor robusto, partidário de Murat, interrogou, exaltado:
– Que é que não é verdade?!
E o autor do protesto, um estudante gaiato, levantando-se e, apontando para um velhote de cenho franzido ao seu lado, disse:
– Este cavalheiro está dizendo que o orador é sumamente cacete! E eu respondi que não é verdade!
Uma onda de gargalhadas tomou conta do teatro! Não houve mais clima para continuar, e Murat deu a conferência por encerrada.
UMA BESTA
Quando dirigiam ao romancista Nuno Lóssio a típica interrogação nacional: “Sabe com quem está falando?”, ele respondia: “Não. Mas diga-me seu nome e vou ver se ele figura no Larousse ou na Enciclopédia Britânica. Se figurar você é pessoa de valor, mas, se não figurar, você não passa de um brasileiro muito besta…
ACADEMIA CAVALAR
No tempo do Império, havia no Rio de Janeiro uma famosa cocheira do francês Moreau, célebre tratador de animais e mestre de equitação.
Sempre que um doutor qualquer, apesar do diploma ou do anel, dizia asneira, não faltava quem comentasse: “Formou-se na academia do Moreau”.
Assim também diziam dos patrícios que retornavam formados em Portugal: “Esteve preso às argolas de amarrar cavalos, de Coimbra”.
NÃO FAÇA LOUCURA
Um bom sargento da Guarda Nacional surpreendeu a esposa em flagrante delito.
Puxa pelo sabre e quer vingar a afronta recebida com o sangue do sedutor, quando a esposa lhe grita:
– Espera desgraçado! Vais matar o pai dos teus filhos!
OUTRA VIA
Durante um processo judicial, o advogado contrário, que sabia que seu oponente, João Brígido dos Santos, não era formado em Direito, tentou humilhá-lo, dizendo:
– Isso o senhor só ignora porque não alisou os bancos da Universidade!…
E João Brígido:
– Aí V. Exª se engana. A Ciência não entra só por baixo. Por cima, também.