Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

FALÊNCIA BANCÁRIA

Ia, Emílio de Menezes, num bonde, sentado num banco em que já se achavam duas avantajadas matronas. A certa altura da viagem, o banco, talvez porque não resistisse ao peso – como se sabe Emílio era enorme – cedeu e os passageiros caíram. Emílio, ao levantar-se, ria com aquele seu riso sacudido, tão seu.

Uma das mulheres, porém, não achou graça e perguntou ao vate por que se ria, se ele também caíra.

– Rio – respondeu Emílio – porque é a primeira vez que um banco se quebra por excesso de fundos.

SÓ ASSIM

Havia certo indivíduo que, por hábito chamava Emílio de Menezes de “mestre”.

Um dia, o boêmio entendeu que aquilo de “mestre” era demais, pois já o importunava. Quando o homem passou por ele e lhe deu, mais uma vez aquele tratamento, Emílio, depois de um “Salve”, disse, venenoso, aos amigos que o rodeavam:

– Aquele sujeito imagina, com certeza, que eu haja sido tratador de cavalos!

O FIAPO

Vinha certo dia Emílio de Menezes pela rua, quando foi abordado por conhecido “mordedor”. O homem gentil, honrando a espécie entrou a “alisar” o fraque negro do poeta, sacudindo com arte as partículas de poeira que descobria na roupa.

Avistando um fiapo, removeu-o enquanto dava o bote:

– Estou, meu caro Emílio, numa “prontidão” única! Arranja-me aí uns dez mil réis…

O poeta, após o natural sobressalto, protestou:

– Dez mil réis?!…

E apontando a gola do casaco:

– Põe já o fiapo de volta!

DEDILHANDO

O poeta Guimarães Passos foi encontrado uma madrugada a caminhar segurando-se nas grades do Passeio Público, muito lentamente, a mão ora numa das varas de ferro, ora noutra, em passo onde se sentia certa prudência.

– Que fazes aí, ò Guima? – perguntaram-lhe.

E ele, continuando a dedilhar as varas do gradil:

– Estou tocando harpa!

PÃO

Guimarães Passos e Paula Nei estavam com fome, e este saiu para comprar algo de comer. Voltou com uma garrafa de pinga e um pãozinho menor que a mão. E o Guima reclamou:

– Nei, para que tanto pão?

PALAVRÃO

Guimarães Passos, depois de algumas libações alcoólicas, costumava passear sozinho na noite. Seguia pelas ruas desertas, percorria as praias, repreendendo o oceano ou declamando seus versos.

Uma noite, um guarda municipal, na certeza de que se tratava de um vagabundo, deitou-lhe a mão, interpelando-o:

– Aonde vai assim?

O boêmio fez um gesto vago:

Urbi et Orbi… (à cidade e ao mundo…)

E o guarda, agarrando-o pelo braço:

– O quê?! Pois então está preso!

Na delegacia, apresentou-o ao delegado:

– Este indivíduo desacatou a autoridade, chamando-me de Urbi et Orbi!