Arquivo da Categoria ‘Anedotas Históricas e Piadas Populares’

É O VASQUES

Vasques, o ator cômico mais popular no tempo do Império, num certo Carnaval, para intrigar a própria família e os amigos, mandou fazer um dominó cheio de babados, que o tornava irreconhecível. E, para garantir o sucesso, foi vestir-se em casa de um amigo.

Mal saiu à rua, ouviu logo: “Este é o Vasques”.

Aturdido, desanimado e desconfiado, continuou a caminhar, já sem entusiasmo, e por onde passava ouvia sempre: “Este é o Vasques”.

Envergonhado e desiludido, voltou à casa do amigo e verificou que este havia pregado às costas da fantasia, um papel que dizia: “Este é o Vasques”.

COM A REPÚBLICA…

Olavo Bilac escreveu numa crônica: (…) Sou também cioso dos meus direitos: quero saber por quem vou ser governado. Pelo Povo. Bem. Vejamos o que é o povo. Oito horas da manhã. Abro a janela. Aqui está o povo diante de mim. Um quitandeiro. Preto. Tem talvez cinqüenta anos, tem frutas de todas as espécies (…) Chegou, encostou à parede o tabuleiro: devo perguntar-lhe qual a sua opinião sobre o direito público federal?

TERRORISTA AVÍCOLA

Proclamada a República, imediatamente começou uma era de revanchismo e perseguições políticas, onde não faltou o ridículo.

Constou no Rio que alguns conspiradores projetavam fazer voar, pela dinamite, o túnel grande da estrada de ferro Central do Brasil. E, como era preciso atribuir a alguém a concepção do atentado, ela foi logo atribuída a Emílio Ruède, um pacato criador de galinhas.

O raciocínio cartesiano dos sábios da Polícia Secreta deverá ter sido este: “O dinamitador pretende fazer voar tudo pelos ares! Ora, quem voa pelos ares são as aves. Galinhas são aves; logo, o dinamitador é um criador de galinhas! Claro como água…

TÍPICO

O barão “X” é pessoa grave e séria, mas de atraso estupendo em qualquer assunto literário.

Uma vez à mesa da viscondessa “C”, esta como o visse muito calado, quando todos falavam de literatura, disse-lhe:

– Gosta de Victor Hugo, Sr. barão?

– Sim, minha senhora. Aceitarei uma perninha, mas sem molho.

NÃO ERA PRECISO

Certo conselheiro, ouvindo pela primeira vez o verbo transformar, achou-o tão bonito, que resolveu empregá-lo na primeira ocasião que lhe aparecesse.

Um dia, querendo dizer a uma senhora conhecida que ia montar na sua besta para ir ao conselho municipal, assim exprimiu-se, cônscio de sua erudição:

– Logo que a hora chegar, transformo-me na minha besta, e vou deliberar.

VINGANÇA!

Um peralvilho, profundamente sentido por não ter sido convidado para certa soirée, jurou vingar-se:

– Vão ver só! Vou dar um baile e não convidarei a ninguém!…