Arquivo da Categoria ‘Origem de Ditados, Vocábulos e Termos de Gíria.’

FALAR PELOS COTOVELOS

De pessoas tagarelas costumamos dizer que falam pelos cotovelos. Ninguém sabe exatamente de onde se originou a expressão, contudo há quem julgue que provenha do hábito que tem tais indivíduos de gesticular muito, para dar maior ênfase às palavras. Essa é uma característica que costumamos encontrar, por exemplo, nos indivíduos de certos povos vivazes, como os italianos, os árabes ou os judeus, etc.; cujas culturas valorisam a conversação físicamente animada. (Por conseqüência, não há tantos sujeitos que falem pelos cotovelos entre os japoneses, suecos ou os dinamarqueses…) Ora, os falastrões, quando gesticulam agitam as mãos, os braços e, naturalmente,… os cotovelos!

BURRO

A origem do termo até hoje não foi totalmente esclarecida, mas acredita-se que venha do Latim burrus (“ruço, pardo avermelhado”), da expressão asinus burrus (“asno ruço”).

No sentido de “estúpido”, “pouco inteligente”, etc., parece se originar do fato de o burro ser um animal especialmente teimoso. Não há prova científica de que o burro seja mais “burro” que seus primos eqüinos: cavalo, mula ou zebra.

Quanto à cor avermelhada, não existe uniformização nesse sentido.  “Burros” há de todas as cores, raças, tamanhos e idades. E a burrice – freqüentemente atribuída aos lusitanos -, tampouco é privilégio de nossos antepassados.

Não nos precipitemos, também, em concluir que o vocábulo, burra, designe a fêmea do burro. Significa, isto sim, uma prosaica arca de madeira, usada para guardar dinheiro. Assim, quando alguém afirmar que “a burra está repleta de dinheiro”, poderá não estar aludindo a nenhuma apresentadora de programa infantil enriquecida…

BITOLA

Do termo “bitola” (distância entre as rodas de um veículo, num mesmo eixo), sabe-se apenas que não vem do inglês, nem do francês, nem do alemão, ou de outro idioma hegemônico.

O que se sabe é que a bitola nas ferrovias brasileiras tem sido de 4 pés e 8,5 polegadas. Por que foi adotada essa medida? Porque essa era a bitola das ferrovias inglesas, e foram ingleses os construtores de nossas primeiras estradas de ferro. E, por que os ingleses adotaram essa medida?… Porque os primeiros vagões de trem, na Inglaterra, foram construídos por fabricantes de carroças, que já a usavam em seus veículos. Mas, por que eles adotavam essa medida?… Porque as carroças iriam trafegar nos caminhos reais da Europa! E por que as estradas européias tinham essa largura?… Porque foram construídas pelo antigo Império Romano, e consideravam a largura do carro romano de dois cavalos. Está bem, mas por que as carroças romanas tinham essa largura?… Porque foram feitas para acomodar 2 traseiros de cavalos romanos!

Quanto a etimologia do vocábulo “bitola”, assim como as razões da largura dos traseiros dos cavalos romanos, só Deus sabe!…

CICERONE

Serviu-me de cicerone um preto… – Exemplifica o filólogo Cândido de Figueiredo. Todos sabem o que significa e quanto é usado o termo cicerone. Pelo som da palavra também facilmente deduzimos que a sua origem é italiana. Cicerone é um guia turístico, e freqüentemente também intérprete; é um guia que descreve as coisas com grande palavreado. Só assim ele poderia dar a idéia, ainda que caricata, de um orador fluente. O termo, nesse sentido, provém da conhecida ironia italiana. Ciccerone, é como os italianos chamam Cícero – o mais fluente e brilhante orador da Roma antiga. Os italianos, ao verem alguém que fala pelos cotovelos, dizem, por piada: Ciccerone!…

CHOPE

Todo mundo deduz que a palavra chope vem do alemão. Mas o que pouca gente sabe é que o termo não designa a bebida, mas a quantidade dela. Quando os primeiros alemães vieram para o Brasil, no século XIX, havia na Alemanha uma unidade de medida chamada choppen (cerca de meio litro), de que derivou a palavra chope. Os alemães costumavam pedir: – “Ein Choppen Bier, bitte…” (Um “choppen” de cerveja, por favor!…) Mas choppen servia também para qualquer outro líquido: vinho, azeite, vinagre, ou de óleo de iluminação. Assim como, na época, tínhamos no Brasil o quartilho – hoje totalmente em desuso – ninguém mais sabe, na Alemanha, que coisa é choppen. Se você quiser beber um “chope” na Alemanha, deverá pedir lagerbier ou glasbier . Pois se pedir choppen, o garçom alemão vai pensar que você é grego, e que já está bêbado…

TRAVESTI

Travesti, vem do verbo francês travestir, e não tem o significado disso que muita gente pensa, não!… É apenas o inocente mascarar, disfarçar, fantasiar. Portanto, que ninguém se admire se um austero pai de família francês contar, com um sorriso de embevecimento,  que seu filho é um grande travestisseur (travesti), que não perde uma única “festa alegre” – como o Carnaval de Lyon,  onde fez muito sucesso travestido de “capitão dos lanceiros do século XVIII”, com imensos bigodes enfunados…