Arquivo da Categoria ‘Origem de Ditados, Vocábulos e Termos de Gíria.’
BUNDA
Os brasileiros coloniais perceberam que as escravas africanas costumavam ter as nádegas mais desenvolvidas que suas irmãs européias. Em particular as pertencentes ao povo bundo, bantos que habitavam algumas zonas de Angola. Logo toda a mulher generosamente desenvolvida nessa região do corpo, recebeu o epíteto de bunda. Com o tempo, a palavra passou a termo genérico – para designar traseiro de qualquer raça, idade, tamanho ou gênero.
CORNO (CORNUDO)
Ninguém sabe ao certo porque os chifres tornaram-se o símbolo do marido enganado. Há quem diga que é pelo fato da vaca (a “mulher” do touro), não ser exclusiva de um só macho. Pode ser: afinal chamar uma mulher de vaca, costuma deixá-la furibundíssima! Apesar de ser a vaca um animal tão útil e simpático… O fato é que essa associação não se restringe ao Brasil. Cláudio Moreno diz que em muitas aldeias da Europa primitiva, a comunidade costumava humilhar o marido traído fazendo-o desfilar com a cabeça enfeitada por chifres de boi ou cerva. Caso em que literalmente podia-se dizer que colocaram-lhe chifres.
BOSSA
A palavra bossa é tomada como aptidão, jeito, estilo, tendência para alguma coisa (arte, esporte, etc.). Termo muito popular nos anos 60, daí a bossa nova, por exemplo. Mas literalmente, bossa quer dizer caroço. De onde surgiu a gíria, então? Aparentemente veio da frenologia, muito popular no século XIX, que supunha que o formato do crânio, e suas protuberâncias, revelavam as tendências e pendores de uma pessoa. Hoje a frenologia está tão fora de moda quanto a bossa nova.
CASA-DA-MÃE-JOANA
É uma expressão da língua portuguesa que significa o lugar ou situação onde vale tudo, com total permissividade e desordem. O termo veio de Portugal e remonta ao século XIX. Câmara Cascudo o atribui à rainha Joana de Nápoles, que levava vida desregrada e permissiva e regulamentou os bordéis. Uma das normas dizia: “O lugar terá uma porta por onde todos possam entrar”. Trazido para o Brasil colonial, casa-da-mãe-Joana tornou-se sinônimo de bordel, casa de tolerância; onde cada um faz o que quer.
CASA-DA-SOGRA
A expressão de gíria, no sentido de lugar onde o sujeito faz o que lhe dá na veneta, é muito antiga. Já em 1651, numa coletânea de adágios populares portugueses, Antônio Delicado registra: Estende-se (fica à vontade) como vilão (malandro) em casa de seu sogro. Deve-se ao fato de que, até meados do século XX a grande meta de qualquer mulher, era o casamento. Tanto que os pais da moça costumavam dar ao genro, que fazia a gentileza de levar-lhes a filha, uma remuneração: o dote. Imagina-se que o candidato a genro devia ser tratado pela sogra com todos os mimos!…
MOLEQUE
O brasileirismo é originário da palavra africana muleke (garoto). No Brasil escravocrata, toda casa tinha o seu moleque. Pretinho esperto e gracioso, para levar recados, fazer compras, fazer companhia às crianças da casa, etc. Já em 1811, Luiz Joaquim dos Santos Marrocos, nas suas famosas crônicas epistolares, relata peripécias do seu moleque. A simpatia despertada pelo moleque, revela-se nos personagens nele inspirados, como o Saci Pererê, e o Negrinho do Pastoreio. Hoje o termo é aplicado a todo e qualquer menino, e é comum um pai referir-se ao seu próprio filhinho como “o meu moleque”.