Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’

EQUILIBRISTA

Um sujeito qualquer de origem humilde, tendo enriquecido muito em certas transações comerciais de licitude duvidosa, dava-se muita importância e freqüentava o palácio do rei. Mas continuava sendo ignorante e, além disso, sujo.

Certo dia se encontrou em Palácio com uma dama aristocrática e dizendo-lhe que estava muito fraco e pálido porque acabava de sair de uma enfermidade, ela olhou-lhe as mãos calosas e porcas, e respondeu-lhe:

– Com efeito, vendo-vos as mãos, parece impossível que tenhais vindo aqui pelos vossos próprios pés.

POR ISSO MESMO

Joaquim Gomes de Sousa foi uma das maiores inteligências que o Brasil já conheceu. De físico franzino e ar infantil; cursou a Escola Militar revelando-se um gênio matemático; com 15 anos ingressou na Escola de Medicina; com 18 começou a estudar Engenharia sem abandonar o estudo da Medicina. Tinha ainda grande cultura filosófica, jurídica, química e física; e era fluente em inglês, alemão, espanhol e francês.

Foi deputado pelo Maranhão com 21 anos, e, certa vez, no ardor de uma discussão veemente, um deputado voltou-se para ele, que o aparteara, e agrediu:

– O assunto em discussão não é da especialidade de V. Exª!

E Gomes de Sousa, ao pé da letra:

– É por isso mesmo que eu o discuto com V. Exª! Se se tratasse de assunto da minha especialidade, eu não admitiria discuti-lo com V. Exª!…

QUASE O MESMO

Numa sala de espera, duas velhas senhoras conversam para passar o tempo.

– De que morreu vosso esposo, senhora?

– Da gota.

– Ora. Quase do mesmo que o meu, que morreu da pinga.

FELIZMENTE

A empregada de uma estalagem chega toda esbaforida para o estalajadeiro, e lhe diz:

– Patrão, a patroa caiu nas escadas da adega!

– Ela subia ou descia as escadas?

– Descia.

– Ainda bem. As garrafas estavam vazias!…

MENSAGEM

O capitão, com expressão grave, pergunta à sua ordenança:

– Soldado. Acaso tiraste a carta que estava em cima da minha secretária?

E o soldado, fazendo continência:

– Sim, senhor, capitão! Levei-a ao correio!

– Mas não viste que não tinha endereço, sua besta?!

– Pensei que fosse uma correspondência secreta…

FORTUNA NAS FERROVIAS

Numa viagem de trem, dois prósperos cavalheiros, que calhou sentarem-se um ao lado do outro, entabulam conversação:

– As estradas de ferro são uma grande riqueza! – diz um.

– Eu que o diga. A elas devo toda a minha fortuna.

– Oh! Vossa mercê é engenheiro?!

– Nada disso! Mas herdei tudo de um tio que morreu num descarrilamento.