Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
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O incorrigível e adorável boêmio Paula Nei entrou num restaurante barato. Pediu a lista. Dando-lha, o caixeiro postara-se-lhe ao lado. E Nei, calado.
– O que vai?
– Traga-me uns erros de ortografia.
– Cá não há disso, meu senhor.
– Mas a carta está cheia deles…
RIMANDO
Estava Paula Nei parado numa esquina da Rua do Ouvidor, quando um cavalheiro seu conhecido aproximou-se esbaforido, e indagou-lhe:
– Ó Nei! Você não viu passar por aqui agora mesmo, um rapazote, gordote, baixote, morenote?…
E o Paula Nei:
– Não vióte!
ÚLTIMO RECURSO
Na Escola de Medicina, o aluno Paula Nei era argüido pelo lente de obstetrícia, apresentando-lhe todas as dificuldades que podem surgir num parto complicado. Enquanto pode, Paula Nei foi resolvendo: faria isto, faria aquilo, etc… Veio, porém um caso tão intrincado que, não sabendo mais o que dizer, ele respondeu:
– Num caso desses, eu mandava, a toda pressa, chamar V. Exª…
NEGÓCIO
No Rio do final do século dezenove, o “Clube dos Diários” era o local onde os aristocratas passavam a tarde a cartear, e à porta do qual costumavam as senhoras parar ao fim do dia, em suas carruagens, para buscar os respectivos maridos.
Um dia, um inveterado jogador, já tendo perdido no pano verde toda sua fortuna e não obtendo crédito com seus parceiros de jogo, apostou o único bem que ainda possuía. Chamou um dos amigos em particular, e disse-lhe:
– Minha mulher está no Salão das Damas, quanto me dá por ela?
– Nada.
– Está fechado o negócio!
BANHEIRA VELHA
O poeta Euclides Faria, compôs a seguinte sátira a propósito da precariedade dos navios que ligavam o Maranhão ao Pará, no século XIX:
O jaboti mais velho e já caduco
Que não pode mexer-se de canseira,
É mais veloz ainda na carreira
Que o paquete chamado “Pernambuco”
Quem viaja uma vez neste maluco
Promete não cair mais noutra asneira,
A fim de não levar a vida inteira,
Como siri, pra trás como, sobre o tijuco.
Como se fosse inválido perneta
Nunca pode fazer jornada franca,
Pela carga, que leva, da muleta.
Quem faz uma viagem nesta tranca,
Quando sai do Pará com a barba preta,
Chega ao maranhão com a barba branca!
SENHOR DOS PASSOS
Padre e o sacristão traçaram um plano para converter um ateu empedernido: o sacristão seria disfarçado de Senhor dos Passos e colocado, todo vestido de roxo e de cruz às costas, sobre o altar.
Como combinado, entraram o padre e o ateu na igreja.
– Senhor dos Passos, – disse o padre – não é teu desejo que este fiel se converta?
O “Senhor dos Passos” sacode a cabeça, concordando.
O ateu, aterrado ante aquele aparente milagre, imediatamente ajoelhou-se e pôs-se a confessar seus pecados:
– Padre, – gaguejou ele – os filhos da mulher do sacristão, são meus filhos…
– Ah cão! – gritou o sacristão fora de si ao ouvir esta. – Se eu não fosse o Senhor dos Passos, quebrava-te as ventas com esta cruz!…