Arquivo da Categoria ‘De 1800 a 1900’
QUER APOSTAR?
Em um dos páreos de certa corrida, o cavalo de um jóquei desgarra e atira-o violentamente no chão. Sobrevém uma comoção cerebral, da qual falece meia hora depois.
Um palpiteiro, que se achava presente, oferece-se para levar a triste nova à família do finado. Sai do prado, e dirige-se a casa onde este morava com a família.
Bate palmas.
– Quem é? Pergunta à senhora do jóquei.
– Um seu criado. Não mora aqui a viúva do jóquei Fulano?
– Viúva? Está enganado. Eu não sou viúva!
O outro, irrefletidamente:
– Quanto quer apostar?
FICARAM COM AS DELE
Um estatístico afirmava a um certo tipo que, em média, a cada homem cabiam três mulheres, neste mundo.
– Se assim é – retruca o outro apressadamente – há um patife que ficou com seis, porque eu não tenho nenhuma!
OUTRO MALANDRO
Um padre passava todas as noites junto ao tapete verde da roleta, e o jogo se lhe insinuara de tal forma no espírito, que parecia obsessão.
Certa manhã, após uma noitada de azar negro, o padre estava a rezar missa; porém as suas idéias não saíam da roleta; na cachola girava-lhe incessantemente uma bolinha de marfim estonteada a cabriolar doidamente, indicando grandes números pretos e encarnados.
Em um dominus vobiscum, o sacerdote sonolento, equivocando-se, proferiu com toda a unção religiosa:
– Número vinte e sete!
O sacrista, gente da mesma estola, também vítima da roleta, respondeu no mesmo tom, de mãos postas e cabeça baixa:
– Trinta e cinco fichas!
AINDA INSISTE
O General Belizário Porras y Porras, foi enviado ao Brasil como embaixador do Panamá. Ao chegar, (sem que suspeitasse do escabroso significado de seu sobrenome), foi recebido pelo Introdutor de Embaixadores. Este, uma vez tendo o instalado no hotel, correu a dar conta do nome do novo diplomata ao Barão de Rio Branco; à frente dos Negócios Estrangeiros do Brasil.
Rio Branco, ao saber do sobrenome do panamenho, levantou-se com manifestas mostras de mau humor e desagrado, e começou a caminhar nervosamente pelo gabinete. O Introdutor de Embaixadores, que seguia seus passos pacientemente, atreveu-se a perguntar-lhe:
– E o que acha o senhor deste sobrenome, “Porras y Porras”?
– Que por uma vez é mau, mas passa; o que não posso tolerar é essa insistência!
PEDIDO DE EXPLICAÇÃO
Certo jornalista, depois de muito injuriar a Martim Francisco, que não dera a mínima resposta, estampou, no seu pasquim, um asno a escoicear, cuja cabeça era a de Martim. O Andrada retrucou-lhe com um de seus bilhetes de estilo telegráfico: “Indago do motivo pelo qual, em sua folha do dia tal, saiu a minha cabeça sobre o corpo de V. Excia…”
POQUE NÃO POSSO…
Um advogado, a quem Martim Francisco ia levando, numa causa, de canto chorado, perguntou ao ilustre causídico santista, irritado:
– É verdade que o Senhor anda falando mal do meu cliente, para todo o mundo?
– Para todo o mundo…, não, porque não conheço todo o mundo; senão falava…